17/AGOSTO /2020 - JCF


JCF Clovis -  Tradição e Cultura

Viajando pela historia e cultura

1983 – JUDIA FINGIU SER ANTISSEMITA PARA FUGIR DA MORTE


INTRODUÇÃO


 15/AGOSTO//2020 – Nesta edição de número 1983 vou retratar a fantástica historia de uma judia que fingiu ser antissemita para escapar da morte ... (NB: ANTISSEMITA é que ou aquele que se opõe aos semitas – principalmente “aos judeus...Esta senhora, hoje uma idosa viveu quase uma vida toda, desde muito jovem os horrores de ser uma “judia” em plena guerra do nazismo sw Hitler, este depoimento que ora transcrevo nesta minha “Coluna JCF” não foi apenas um depoimento mas posso considerar como o maior desabafo que uma ser humano fez até estes dias, RACHELA soube com serenidade e inteligência fugir da morte em plena 2ª guerra mundial, com a batuta do inescrupuloso e desumano ADOLFO HITLER e ao prestar este depoimento o fez com tanta sutileza e inteligência que transformou seus dias de horrores vividos durante o holocausto em relato fantástico e fácil de acompanhar durante sua leitura...JCF

Fonte: https://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/01/judia-fingi-ser-antissemita-para-fugir-do-holocausto.html


Rachela Gotthilf, Polonesa e judia teve a mãe e os avós executados num campo de concentração. (Foto: Emiliano Capozoli/ÉPOCA)

A MÃE E OS AVÓS DE RACHELA GOLTILF, judia e polonesa foram executados no campo de concentração - JCF


Troquei de nome e de lar para proteger minha identidade. Convivi com uma família católica correndo o risco de ser denunciada. Até um soldado alemão me pediu em casamento

RACHELA GOTTHILF, EM DEPOIMENTO A THAIS LAZZERI

26/01/2016 - 20h30 - Atualizado 26/01/2016 21h34

Já era noite quando os soldados alemães chegaram ao Gueto de Varsóvia, uma espécie de fortaleza, ou prisão, onde ficavam as famílias de judeus poloneses durante a Segunda Guerra Mundial. Do lado de fora dos muros, estavam os poloneses cristãos. Ao oficial que ficava na entrada do Gueto, os soldados nazistas deram o nome de uma família. Alguém fizera uma denúncia. E os soldados não precisavam de uma razão para matar judeus. O oficial abriu o livro de registros, encontrou o endereço e repassou aos soldados. Os soldados levaram aquela família inteira para uma ponte. Mataram todos. O sobrenome daquela família era muito parecido com o nosso. Não sabíamos se os soldados procuravam por aquela família ou se o oficial da entrada do Gueto entendeu o nome errado e os mandou para outro endereço. Os mortos poderíamos ser nós.

37723403vict_20000829_00119.jpg : Fotografia de notícias

A notícia chegou na manhã seguinte. Se minha memória embaralha a sequência dos acontecimentos, não há sombras sobre os momentos marcantes que vivi no Holocausto. Naquele dia de 1942, meu avô, um polonês muito culto, recebeu uma carta de anistia dos alemães. A mensagem dizia que seríamos perdoados – com direito até a vale-alimentação –, caso saíssemos do Gueto. Meu avô depositou um longo olhar naquele pedaço de papel antes de falar com minha avó. Fingi estar brincando, mas prestei atenção em cada palavra. Meu avô aceitou a proposta dos nazistas. Retornaria à cidade onde nasci, Sokolov. Minha avó, chorando, disse que era uma armadilha preparada pelos alemães. Tinha certeza de que seriam mortos no regresso. Vovô respondeu que já estavam velhos, e não era justo dificultar a fuga dos filhos. Era melhor que partissem. Minha mãe, a filha mais velha e viúva (meu pai faleceu em decorrência de uma pneumonia), decidiu acompanhá-los. Impôs aos irmãos uma única condição: que me mantivessem viva. Abracei minha mãe e implorei para que ela ficasse. Minha última lembrança é ver minha mãe empurrando, sutilmente, a maleta dela para baixo da mesa de centro. Ninguém percebeu, só eu. Minha mãe sabia que ia morrer. Quando minha tia avistou a maleta, disse: “Sua mãe só sabe chorar, olha o que ela esqueceu”.

Rachela Gotthilf família (Foto: arte )


Convivi com uma família católica correndo o risco de ser denunciada. Até um soldado alemão me pediu em casamento

RACHELA GOTTHILF, EM DEPOIMENTO A THAIS LAZZERI

26/01/2016 - 20h30 - Atualizado 26/01/2016 21h34

 Não tínhamos outra escolha senão fugir. Como era fácil desconfiarem de uma família dizimada como a nossa, meus tios se encarregaram de providenciar um novo passado para nós quatro – eu, minha tia solteira, meu tio viúvo e o filho dele. Meus tios, que eram irmãos, fingiriam ser um casal. Na história, a esposa do meu tio faleceu em decorrência de pneumonia – o que aconteceu na vida real. Diante da morte da esposa, meu tio se casou com a irmã mais nova da falecida. Eu era a filha do primeiro casamento. Meu primo, do segundo. Por muito dinheiro, meu tio comprou documentos falsos, com nomes de poloneses mortos, para ele e minha tia. Depois, pediu ajuda a um fazendeiro conhecido nosso – e respeitado pelos poloneses cristãos – para fugir. Esse fazendeiro era amigo do diretor-chefe de uma fábrica de combustível, que aceitou nos receber. Antes de partir, soubemos por um rapaz que conseguiu escapar de um campo de concentração que meus avós e minha mãe tinham sido exterminados na cidade de Treblinka.

Com documentos falsos, fomos para essa fábrica, próxima de Gabrownik, onde ninguém nos conhecia. No terreno da fábrica, vivia uma família polonesa muito católica. Isso significava que, se eles descobrissem que éramos judeus, não hesitariam em    nos denunciar. Nosso primeiro desafio, de muitos, era fingir sermos cristãos. O disfarce incluía mudar a maneira de falar, uma vez que a língua polonesa é muito sensível à pronúncia e judeus não falam a letra “R” com clareza. Com esse cuidado, meu tio nos apresentou à família do senhor Kadin.


https://youtu.be/nQ_4KaLbWzA?t=60





Kadin era o engenheiro responsável pela parte técnica da fábrica. A partir da raiz de algumas espécies de árvores, os fornos da fábrica extraíam um líquido chamado terebintina. Esse líquido abastecia os carros dos oficiais nazistas – meu coração disparava toda vez que os soldados alemães paravam ali. Na história criada por meus tios com apoio do diretor-chefe, meu tio fora contratado para melhorar a produção de terebintina. Ele trabalhava arduamente. No primeiro mês, dobrou o volume da produção. Kadin o elogiou várias vezes para o diretor-chefe, saberíamos anos depois.


Criar laços era importante para ganhar a confiança dos Kadins. Todas as noites, íamos a sua casa para ouvir trechos de livros de intelectuais poloneses. Comemorávamos todos os feriados católicos juntos, prestando atenção em cada gesto e oração, para imitar fielmente. No Natal, a mulher de Kadin avisou que um padre benzeria nossas refeições. Em outras palavras, minha tia receberia um padre para orar em nossa casa, e ela não tinha ideia dos rituais católicos. Minha tia foi muito rápida. Disse que nossa mesa era pequena e pediu para comemorar o Natal com a família Kadin. Deu certo. Continua a 2ª parte na edição seguinte ou nº 1989-jcf


ATÉ A EDIÇÃO Nº 1989 PARA FINALIZAR ESTE FANTÁSTICO DEPOIMENTO DESTA JUDIA...JCF





 



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