26/OUTUBRO/2020 - EDIÇÃO Nº  2054  RETRATANDO O GRANDE INCÊNDIO DE ROMA...

PROVOCADO PELO INSANO IMPERADOR NERO...JCF


COLUNA JCF – 11/05/2015

JCF Clovis -  Tradição e Cultura

Viajando pela historia e cultura

2054 –  NERO E O INCÊNDIO EM ROMA

 

24/OUTUBRO/2020 – Nesta edição nº 2.054 farei o registro do imperador NERO e o grande incêndio de roma...jcf


1ª fonte: https://ensinarhistoriajoelza.com.br/nero-e-o-grande-incendio-de-roma/

Nero e o Grande Incêndio de Roma

Noite de verão em Roma, 18 de julho de 64 d.C.: um incêndio devastador irrompeu na área mais povoada da cidade onde havia prédios de 3 a 5 andares feitos de madeira. Os ventos espalharam as chamas rapidamente e o fogo se alastrou por outros bairros. Por três dias, o incêndio ficou fora de controle e levariam outros três para ser vencido. Quase toda Roma foi destruída. Dos 14 distritos, apenas 4 não sofreram danos. O restante, cerca de 70% da cidade, foi devastado pelas chamas.

A memória da tragédia

Logo após o incêndio começaram a circular versões da tragédia. As pessoas buscaram um responsável, afinal não pode haver “acaso” na capital imperial protegida pelos deuses. Nero foi o principal suspeito e os rumores envolvendo seu nome ainda persistem no imaginário coletivo: Nero teria enviado homens agindo como bêbados para iniciar o fogo. Nero tinha intenções de destruir a cidade para construir uma nova Roma à sua imagem. Nero mandou abertamente homens incendiarem a cidade e assistiu tudo na Torre de Mecenas, no monte Esquilino cantando e tocando a lira. Nero enviou homens para incendiar a cidade e assistiu tudo em um terraço no Monte Palatino tocando sua lira. O incêndio foi um acidente que ocorreu enquanto Nero estava em outra cidade, em em Antium. Nero escondeu a sua culpa acusando os cristãos de terem sido os responsáveis o que deu início à perseguição ao cristianismo.

A TRAGÉDIA PROVOCADA PELO INSANO "NERO" FOI TEMA DO FILME DENOMINADO QUOVADIS DE (1951) E A SEGUIR VOU POSTAR UM VÍDEO QUE RETRATA CENA DO GRANDE INCÊNDIO E O INSANO A TOCAR LIRA E CANTAR VENDO ROMA EM CHAMAS...JCF

Quo Vadis (1951), cena do incêndio de Roma


https://youtu.be/OIqeklGgXj0?t=6

A imagem de um imperador tocando lira diante de uma cidade incendiada tornou-se símbolo da insanidade e crueldade do governante e da degradação do Império Romano. Na Idade Média, difundiu-se a lenda de Nero, o Anticristo, ideia que ainda presente em alguns textos de viés religioso. Autores cristãos antigos e medievais reforçaram a má reputação de Nero lembrado, também, como o primeiro perseguidor dos cristãos. O clássico romance Quo Vadis (1895), do escritor polaco Henryk Sienkiewicz, não só culpou Nero pelo Grande Incêndio, como o caracterizou como tirano demente, inepto, sanguinário e pervertido. A versão épica de Hollywood, filme de 1951 dirigido por Mervyn LeRoy, reproduziu a caracterização de um Nero enlouquecido na memorável interpretação de Peter Ustinov.


Quo Vadis (1951), cena do incêndio de Roma

https://youtu.be/Kzqi3F8g6Zw?t=11

Afinal, o que é historicamente comprovado sobre o Grande Incêndio de Roma? Os relatos históricos vêm de três fontes secundárias: Tácito (c.56-120), em Anais. Suetônio (c.69-122), em Vida de Nero. Díon Cássio (c.155-c.235), em História Romana. É de Suetônio, a versão de que Nero teria ordenado, abertamente, que a cidade fosse incendiada e que assistiu a tragédia da Torre de Mecenas, no monte Esquilino, enquanto cantava e tocava lira.

Díon Cássio retoma Suetônio e acrescenta que Nero queria destruir a cidade para construir um complexo palaciano – a célebre Domus Aurea – e, para isso, teria enviado, secretamente, homens que, fingindo-se de bêbados, incendiaram a cidade. Nero, então, teria assistido a tragédia de seu palácio no Palatino, cantando e tocando lira. Autores cristãos posteriores, como Sulpício Severo (Chronica, século V), reforçaram a culpa de Nero dizendo que o imperador era louco e teria provocado o incêndio buscando inspiração para compor um poema, tal como Homero ao descrever o incêndio de Tróia. Pesava sobre a reputação de Nero o assassinato da mãe, da primeira mulher e do irmão de criação não sendo, portanto, difícil jogar-lhe mais uma culpa, o do incêndio de Roma. Tácito, considerado a principal fonte, pode ter testemunhado o incêndio (ou relatos sobre ele) quando menino com 8 ou 10 anos de idade. Em Anais, ele narra o incêndio e cita autores como Fabius Rusticus e o cônsul Marcus Cluvius Rufus cujas obras não sobreviveram, e o renomado escritor e filósofo Plínio, o Velho, autor de História Natural, para quem Nero foi o responsável pelo incêndio. Segundo Tácito, o incêndio teria sido um acidente que começou em armazéns junto à região do Circo (onde ocorriam as corridas de bigas) – uma zona atulhada de casas, bodegas, mercados e depósitos. O fogo se alastrou pelas ruas estreitas e tortuosas com prédios de madeira de 4-5 andares, onde moravam famílias pobres. Nessa área não havia grandes edifícios de pedra como templos e basílicas, nem áreas abertas de terra para impedir a conflagração. O clima seco, o forte calor da época (era verão), a força do vento e as construções altamente inflamáveis teriam ajudado o alastramento do fogo.


O incêndio de Roma”, óleo de Hubert Robert, Museu de Arte Moderna André Malraux, em Le Havre


Investigando as versões

Tácito afirma que Nero não estava em Roma ao começar o incêndio, mas no balneário litorâneo de Âncio (ou Anzio, Antium) a uns 60 km de Roma. Informado do caso, ele voltou para a cidade e tomou medidas para deter o fogo e socorrer os desabrigados. Mandou vir de Óstia e das cidades vizinhas suprimentos e alimentos e ordenou a redução do preço do trigo. Mandou abrir jardins, edifícios públicos (como as termas, as basílicas e o Panteão) para acomodar os refugiados. Depois de seis dias, com o fogo vencido, começou a limpeza das áreas destruídas. De acordo com Tácito, dos 14 distritos de Roma, três foram completamente devastados – entre eles, o Palatino e o Circo Máximo – e, outros sete, reduzidos a ruínas queimadas. O incêndio destruiu partes do próprio palácio de Nero, o Domus Transitória que ele tinha acabado de construir e decorar com tesouros da arte grega, e que se perdeu completamente. Nero mandou recuperar parte da decoração de mármore para seu novo palácio, o Domus Aurea cujos afrescos eram semelhantes ao palácio destruído. Domus Aurea foi erguido a 1 km do local onde o incêndio começou. Tais fatos contrariam a teor A ideia de que teria assistido o incêndio do alto do Palatino, como afirma Díon Cássio, é ainda mais fantasiosa. O Palatino estava em chamas e Nero jamais poderia ficar ali.

- Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
ia da intencionalidade de Nero no incêndio. Nero se lançou à tarefa de reconstrução de Roma reerguendo a cidade ainda mais bela e segundo critérios urbanísticos mais racionais e funcionais. Proibiu telhados e casas de madeira, prédios colados uns aos outros e limitou a altura a duas vezes a largura da rua. Encheu a cidade de fontes de água e mandou que fossem vigiadas para evitar desvios a particulares.


O incêndio de Roma”, óleo de Hubert Robert, Museu de Arte Moderna André Malraux, em Le Havre

Cristãos: incendiários ou bode expiatório?

 Nero mandou investigar quem eram os responsáveis pelo crime. O processo é confuso: segundo alguns, para desviar as suspeitas sobre sua pessoa, Nero teria acusado os cristãos. Tácito afirma que estes, antes mesmo de serem presos, haviam confessado o crime. Por que confessariam sabendo que era severíssima a punição para incêndio intencional? Naquele tempo, extremistas cristãos apontavam Roma como a “nova Sodoma” a ser destruída pela ira do Senhor. A ideia do apocalipse ganhava eco: o mundo corrupto e licencioso dos romanos – a “grande Babilônia” – seria queimado pelo fogo como previa o Apocalipse 18: 8. Os fanáticos, em sua maioria gente humilde e inculta, poderiam entender essas revelações como um apelo à ação direta. Poderiam tomar ao pé da letra a própria mensagem alegórica de Jesus: “Vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse acesso” (Lucas 12: 49). São Paulo mostrou-se preocupado pelo extremismo de alguns cristãos e os exortou a não provocarem inutilmente as autoridades. (Epístola aos Romanos, 13:1-7). Extremistas cristãos podem ter incendiado Roma ou exultado com a tragédia considerando-a um sinal da justiça divina ou ambas as coisas? “É possível que eles tenham confessado uma culpa que não tinham, isto é, que excitados com o incêndio, considerando-o um sinal do início do fim, tenham-se atribuído a sua autoria, conclui Massimo Fini. “Nero vê a queima de Roma”, pintura de Carl Theodor von Piloty, 1860. A severa punição O processo de investigação, interrogatório e prisões durou mais de dois meses, um tempo muito longo para a pragmática e veloz justiça romana. Os primeiros réus confessos apontaram outros. Aqueles que eram escravos foram torturados, como era prática da época. Ao todo foram condenadas de 200 a 300 pessoas, um número significativo para uma comunidade cristã de cerca de 3 mil membros em Roma. Três penas foram aplicadas aos incendiários: a maior parte foi queimada viva depois de ter as vestes embebidas em material inflamável, outros foram crucificados (estrangeiros e escravos) e outros lançados para serem devorados por cães selvagens. Não foi, contudo, uma perseguição oficial aos cristãos, mas a condenação de incendiários criminosos. Os demais cristãos de Roma e de fora da capital foram deixados em paz. Até mesmo Paulo que, em 64, encontrava-se em Roma e era bem conhecido das autoridades como líder cristão, sequer foi investigado. Isso desmonta a falsa teoria de que Nero teria sido o primeiro perseguidor dos cristãos. Nero condenou os cristãos por um crime de direito comum e não por sua fé. O processo se circunscreveu à capital. Fora de Roma e nas províncias, os cristãos não foram incomodados. A fé cristã não era em si um delito. As perseguições aos cristãos teriam início muitos anos depois, com Domiciano (81-90). “As tochas de Nero”, pintura de Henryk Siemiradzki, 1877, Museu Nacional de Cracovia. Fonte TACITO. Annales. L’incendio di Roma e la testimonianza sui cristiani. SUETÔNIO. A vida dos doze Césares. São Paulo: Martin Claret, 2004. FINI, Massimo. Nero. o imperador maldito. São Paulo: Scritta, 1993. WARMINGTON, Brian H. Nero, reality and legend. Norton: 1969 LEVI, Mario Attilio. Nerone e i suoi tempi. Rizzoli: 2001 JOLY, Fábio Duarte. Suetônio e a tradição historiográfica senatorial: uma leitura da “Vida de Nero”. Revista História, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 111-127, 2005.  VANDENBERG, Philipp. Nero imperador e deus, artista e bufão. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. Compartilhe Comentários Comentar / Ver comentários Inscreva-se no site Receba atualizações do site no seu email Frase da Semana Recomendadas Este mês na história Artigos mais lidos 31/10/1517 Martinho Lutero denuncia a venda de indulgência 29/10/1810 D. João assina o decreto de criação da Real Biblioteca 27/10/1912 Inaugurado o Bondinho do Pão de Açúcar 28/10/1922 A “Marcha sobre Roma” do Partido Fascista de Mussolini 24/10/1929 “Quinta-feira Negra”, início da Crise de 1929 24/10/1930 Deposição do presidente Washington Luís 25/10/1975 Assassinato de Vladimir Herzog na cela do DOI/CODI .

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