12 de novembro de 2020 - edição nº 2075 - jcf
COLUNA
JCF
JCF Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
2075
– CARTOLA COMPOSITOR BRASILEIRO – PARTE
- 3
10/NOVEMBRO/2020 – Minha
Coluna JCF criada em 11 de maio de 2015 e a criei com a missão de publicar
diariamente edições de “recontando história e divulgando cultura e assim eu
tenho feito diariamente e esta já edição de nº 2075 terá a continuidade da
edição nº 2074.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cartola_(compositor)
Continuação...
Em
1932, Francisco Alves e Mário
Reis gravaram
outro samba seu, "Perdão, Meu Bem". Também remonta àquela
época a amizade e a parceria que Cartola estabeleceu com Noel
Rosa.
Com o "poeta de Vila Isabel", compôs "Tenho Um Novo
Amor", interpretada por Carmen
Miranda, "Não
Faz, Amor" e "Qual Foi o Mal Que Eu Te Fiz",
interpretadas por Francisco
Alves.
Ainda naquele ano, Sílvio
Caldas lançou "Na
Floresta", de autoria de Cartola, do próprio Sílvio e ainda a
primeira composição em parceria com Carlos
Cachaça. Também
em 1932, a Mangueira foi campeã do desfile promovido pelo jornal "O
Mundo Esportivo" com o samba "Pudesse Meu
Ideal", sua primeira parceria com Carlos
Cachaça.
Em
1933 Cartola viu pela primeira vez um samba seu se tornar sucesso
comercial: "Divina Dama", novamente na voz de Francisco
Alves. Arnaldo Amaral gravou "Fita Meus
Olhos" (com B. Vasquez), canção que encerrava o breve ciclo
inicial de gravações de composições suas. A partir dali, o sambista passou a
compor exclusivamente para a sua escola no morro, marginalizando-se do círculo
artístico e de produção discográfica da cidade. Em 1935 novamente a
Mangueira teve premiado no desfile um samba de Cartola, "Não Quero
Mais", feito com Carlos
Cachaça e Zé da
Zilda,
que foi gravado, em 1936, por Araci
de Almeida e
regravado, em 1973, por Paulinho
da Viola,
com o título alterado para "Não Quero Mais Amar A Ninguém".
Em 1940 Cartola foi convidado pelo maestro e compositor erudito Heitor Villa-Lobos, seu admirador, a formar um grupo de sambistas - entre eles, Donga, Pixinguinha, João da Baiana - para fazer algumas gravações de música popular brasileira para outro maestro mundialmente famoso, o norte-americano Leopold Stokowski (que percorria a América Latina recolhendo músicas nativas), realizadas a bordo do navio Uruguai, ancorado no pier da Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Dos sambas que Cartola gravou a bordo do navio, "Quem Me Vê Sorrindo", composto com Carlos Cachaça, saiu em um dos quatro discos de 78 rpm lançados comercialmente apenas nos Estados Unidos pela gravadora Columbia. Além da sua primeira gravação, foi registrado nesse álbum o coro da Mangueira com as vozes de Dona Neuma e de suas irmãs, a clarineta de Luís Americano, emboladas de Jararaca e Ratinho, a flauta de Pixinguinha, além das participações de Donga e João da Baiana e um arranjo de Villa-Lobos para o tema indígena Canidé Joune.
Popular,
Cartola também atuou como cantor na rádio,
apresentando músicas suas e de outros compositores. Ainda em 1940 criou
com Paulo da Portela o programa A Voz do Morro,
na Rádio Cruzeiro do Sul, no qual apresentavam sambas inéditos, cujos títulos
deviam ser dados pelos ouvintes. Assim, o programa premiava o ouvinte que
tivesse sugerido o título escolhido para o samba. Em 1941 formou, junto
com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres, o Conjunto Carioca, que durante um mês
realizou apresentações em um programa da Rádio Cosmos, da cidade de São Paulo. Em 1942 "Não Posso Viver
Sem Ela" (parceria com Alcebíades Barcellos) foi lançada no famoso disco "Ai
Que Saudades da Amélia", de Ataulfo
Alves.
“ |
Gosto de fazer samba de
dor de cotovelo, falando de mulher, de amor, de Deus, porque é isso que acho
importante e acaba se tornando uma coisa importante. Tempos difíceis
Nos anos seguintes, Cartola
participou pouco no cenário musical. Entre suas poucas atuações artísticas, o
sambista apareceu como corista da gravação de alguns cantores na Colúmbia e
chegou a se apresentar com um grupo de morro no Cassino Atlântico. Com a nova direção da Estação Primeira de Mangueira antipática
a Cartola, o sambista viu seu samba ser desqualificado pelo júri que julgou
as músicas concorrentes ao enredo que representaria a escola
de samba no carnaval de
1947. Para piorar, ele contraiu meningite,
ficando três dias em estado de coma e um ano andando
de muleta. Com
vergonha da condição de doente, acabou se mudando para Nilópolis. Foi
cuidado por Deolinda, mas pouco depois assistiu à morte da mulher, vitimada
por um ataque cardíaco. Com a morte de Deolinda,
deixou o Morro da Mangueira. Por um período de cerca de sete anos, andou desaparecido dos seus conhecidos. Fora do ambiente musical, muitos pensavam até que tivesse morrido. Chegou-se a compor sambas em sua homenagem. Em 1948 a Mangueira sagrou-se campeã do carnaval do Rio de Janeiro com seu samba-enredo "Vale do São Francisco" (com Carlos Cachaça). Cartola vivia um período
difícil em sua vida. Sem mais a atenção de Deolinda e o prestígio no morro da
Mangueira, o sambista morava em uma favela no bairro
do Caju, com uma mulher chamada Donária. Ele conseguiu trabalhos
modestos, como o de lavador de carros e vigia de edifícios. Mas
a entrada em cena de uma nova - e definitiva - mulher em sua vida alterou o
seu destino. Quando Eusébia Silva do Nascimento, mais conhecida como Zica, o
encontrou, o sambista estava em um estado lastimável, entregue à bebida,
desdentado e sobrevivendo de biscates - sem contar ainda um problema no nariz, que
tinha se tornado demasiadamente grande, devido a uma afecção denominada rinofima.
Apesar disso, Zica, antiga admiradora de Cartola, se apaixonou por ele,
conquistando-o. Zica o levou de volta ao morro da Mangueira, onde o casal se instalou em
uma casa na subida do morro, perto da quadra da escola de samba e próximo da
casa de Carlos Cachaça e Menina (irmã de
Zica). Com Zica, Cartola viveria até o fim de seus dias, sem, no entanto,
deixar filhos. Mesmo sumido, Cartola ainda foi lembrado em 1952,
quando Gilberto Alves gravou o samba-canção "Sim" (parceria
com Oswaldo Martins). Os bons tempos do Zicartola Em 1957, Cartola trabalhava
como vigia e lavador dos carros dos moradores
de um edifício em Ipanema.
Nessa função, foi identificado em uma madrugada pelo jornalista Sérgio
Porto (conhecido como Stanislaw Ponte Preta), sobrinho do crítico
musical Lúcio Rangel, que havia dado ao sambista, anos antes, o apelido
de "Divino Cartola". Ao ver o compositor magro e maltrapilho
em um macacão molhado, Stanislaw decidiu ajudá-lo, começando por divulgar a
redescoberta, que fizera, do sambista. Àquela altura, Cartola era dado
como desaparecido ou mesmo morto por muitos de seus conhecidos e admiradores.
O reencontro com o jornalista foi definitivo para a retomada de sua carreira
como músico e compositor. A promoção rendeu algumas
apresentações na Rádio Mayrink Veiga e em restaurantes, além de matérias em
jornais e revistas. Sérgio também arranjou para o sambista, por meio do cronista e pesquisador Jota
Efegê, um emprego de contínuo no jornal Diário Carioca em 1958 e, no ano
seguinte, no Ministério da Indústria e Comércio. Em 1958 foram gravados
seus sambas "Grande Deus" e "Festa da
Penha", respectivamente por Jamelão e Ari
Cordovil. Em 1960 Nuno Veloso gravou "Vale do São
Francisco", parceria com Carlos Cachaça. Cartola em 1967 No início da década de 1960,
Cartola se tornou zelador da Associação das Escolas de Samba, localizada em
um velho casarão no centro do Rio de Janeiro, que
se tornou um ponto de encontro de sambistas de toda a cidade. Além das rodas
de samba no local, Zica - uma exímia cozinheira - passou a servir uma sopa
aos participantes. Estimulado por amigos, Cartola e Zica resolveram aplicar a
fórmula música-comida em um sobrado da rua da Carioca, também na zona central
da cidade, em 1963. A iniciativa contou com o
apoio financeiro de empreendedores considerados "mangueirenses
de coração", como o empresário Renato Augustini. O Zicartola se tornou um marco na história da música popular brasileira no início das década de 1960. Além da boa cozinha administrada por Zica, Cartola fazia as vezes de mestre de cerimônias, propiciando o encontro entre sambistas do morro e compositores e músicos de classe média, especialmente ligados à Bossa Nova, além de poetas-letristas como Hermínio Bello de Carvalho e jornalistas musicais como Sérgio Cabral. Velhos bambas, como Nelson Cavaquinho e Zé Kéti, se juntavam a novos talentos, como Élton Medeiros e Paulinho da Viola Além da presença constante de alguns dos melhores representantes do samba de morro, diferentes gerações de cantoras se encontravam ali, como Elizeth Cardoso e Nara Leão. No Zicartola, desafiado pelo
amigo Renato Agostini, Cartola compôs com Elton
Medeiros em cerca de 30 minutos o samba "O Sol
Nascerá", que se tornaria um de seus grandes
clássicos. A mesma facilidade para compor experimentaria em "Alvorada" um
samba feito a seis mãos. Compusera com Carlos Cachaça a primeira parte de um
samba que decidiram mostrar a Hermínio Bello de Carvalho, que
escreveu então os versos da segunda parte, que ele musicou na hora. CARTOLA - SAMBA E POESIA NOS DEIXOU EM 1980...JCF Moda no Rio de Janeiro, o Zicartola inaugurou um gênero de casa noturna que viria a se propagar nas décadas seguintes. Apesar disso, o bar durou pouco e, mal-administrado, fechou as portas após dois anos de existência, pois seu dono definitivamente não tinha tino comercial. Em 1974, um bar chamado Zicartola foi aberto no bairro paulistano de Vila Formosa. Ainda em 1964, Cartola e Zica se casaram oficialmente (às vésperas do casamento, ele compôs "Nós Dois" para ela), e o sambista atuou no filme "Ganga Zumba". de Carlos Diegues, no papel de um escravo. Ele já havia atuado discretamente em "Orfeu Negro" e ainda participaria de "Os Marginais". O samba "O Sol Nascerá" foi gravado por Isaura Garcia. Em
1965 foi lançado o álbum com gravações do Show
Opinião, no ano anterior, realizado entre Zé
Keti, João
do Vale e Nara
Leão - esta incluiu "O Sol
Nascerá" (de Cartola e Elton
Medeiros) no repertório do LP. Esta gravação tornou Cartola,
assim como outros sambistas de seu círculo, conhecidos pelo público de classe
média da época, projetando-os profissionalmente. Em consequência do prestígio
que ganhou, Cartola chegou a ter seu nariz retocado pelo célebre cirurgião
plástico Ivo Pitanguy. Pery Ribeiro e Bossa
Três também regravam "O Sol Nascerá". Vou abortar
e retornar na edição nº 2076...JCF |
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