25 DE NOVEMBRO DE 2020 - EDIÇÃO Nº 2090 - DEMONIOS DA GAROA - JCF


COLUNA JCF – DESDE 11/05/2015

JCF Clovis -  Tradição e Cultura

Viajando pela historia e cultura

OS DEMONIOS – “DA GAROA”

NESTA EDIÇÃO Nº 2090 APÓS EDITAR A DE Nº 2089 RETRATANDO O INESQUECÍVEL COMPOSITOR, CANTOR, HUMURISTA E POR QUE NÃO FILÓSOFO? SIM RETRATO NESTA HISTORIA SOBRE O CONJUNTO “OS DEMÔNIOS DA GAROA”...JCF


1ª fonte: http://www.portaldamooca.com.br/demonios-da-garoa/

DEMÔNIOS DA GAROA

Você sabia que o Demônio nasceu na Mooca ? Ou melhor, os Demônios.

Não, não se assuste! Estamos nos referindo ao “Demônios da Garoa”, o mais paulista dos conjuntos vocais.

Por volta de 1943, um grupo de rapazotes, na faixa dos 14, 15 anos, entre eles Arnaldo Rosa, Bruno Michelucci e os irmãos Antônio e Benedito Espanha se reuniam na pequena fábrica de sapatos do pai de Arnaldo, a “Pisar Leve”, localizada na rua dos Trilhos quase na esquina da rua Visconde de Laguna e ali faziam seus arranjos vocais e instrumentais imitando os grandes conjuntos da época, dentre eles os “Quatro Ases e um Coringa” e os “Anjos do Inferno” . Sob o nome de “Grupo do Luar”, esse meninos apresentavam-se em clubes, animavam as festinhas de amigos, faziam serenatas e, como eles dizem, se fosse o caso tocavam até em velório, tudo isso em troca apenas de aplausos.

A fama dos garotos começou a se propagar pelo bairro da Mooca e vizinhança, até que, em março de 1943 , incentivados pelos amigos e já tendo segurança no seu talento, criaram coragem para se inscrever no programa de calouros denominado “A Hora da Bomba”, comandado por J. Antônio D’Avila, na Rádio Bandeirantes.

Nesse momento, o grupo recebe mais dois componentes: Antônio Gomes Neto, o Toninho e Artur Bernardo.

Sob aplausos, entram no palco os 6 garotos e ao tocarem e cantarem encantam o auditório, ganhando o primeiro prêmio: um contrato para duas apresentações semanais nas Emissoras Unidas ( Bandeirantes, Record, Pan-Americana e São Paulo).

Dentre os muitos fãs conquistados, estava Vicente Leporace, um famoso radialista da época (e de sempre), o qual, todavia, não gostou do nome do conjunto e resolveu fazer uma consulta popular para um novo nome a ser dado aos “endiabrados meninos do Grupo do Luar”.

Foram centenas de sugestões até que, numa das cartas surgiu o nome “Demônios da Garoa” . O ouvinte explicou: Demônios por causa do “endiabrados” da chamada feita pelo Leporace e da Garoa por serem paulistanos e São Paulo era conhecida como a Terra da Garoa.


Arquivo: Demônios da Garoa

Em 1949, já com um considerável prestígio, o conjunto passa a ser muito requisitado para shows, viagens e outros compromissos, o que acarreta na saída de 3 dos seus componentes por incompatibilidade com os horários de seus empregos: os irmãos Espanha e Bruno Michelucci, sendo substituídos por Francisco Paulo Galo e por Cláudio Rosa, irmão de Arnaldo.

Ainda em 1949 fizeram o arranjo de “Muié Rendeira” e a interpretaram junto com Homero Marques na trilha sonora do filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto.

Mas eles não estavam satisfeitos, pois apenas faziam parte de um conjunto igual a tantos outros. Não possuíam nada que os diferenciasse dos demais. Não possuíam um estilo próprio, marcante. Mas, nascidos em São Paulo, a maior parte deles na Mooca, com descendência italiana, tinham um português com forte sotaque: um português “macarrônico”.



Observando os engraxates da Praça Clóvis e Praça da Sé, notaram que eles “queriam falar difícil”, mas não conseguiam disfarçar o “malandrês” e os erros de concordância e de pronúncia.

Da união desses dois elementos: o português “macarrônico” deles com o linguajar dos engraxates, aliado, ainda, ao debochado senso de humor inerente a cada um dos componentes do grupo é que surgiu o estilo marcante e inconfundível do “Demônios da Garoa”.

O mooquense Arnaldo Rosa, que fez parte do conjunto até sua morte, ocorrida no ano de 2000, descendente de italianos, foi o que melhor se adaptou ao sotaque. Com a morte do pai, Sérgio, que faz parte do grupo atual, herdou essa “vocação”.

Mas, além do linguajar, resolveram inovar ainda mais : até então a introdução da música, julgada por eles como de suma importância, caía sempre no lugar comum do famoso “laiá laiá”.

Com sua criatividade e irreverência, criaram os “cãescãescães”, os “cascaringundum” e etc., outra marca registrada que faz tanto sucesso quanto às músicas.

Mas não pense que essas inovações foram imediatamente aceitas. Houve grande dificuldade de encontrar gravadora que tivesse a coragem de aceitar gravar o disco, devido aos erros na língua portuguesa.

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ATÉ A PRÓXIMA...JCF

 

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