27 DE MAIO DE 2021 - COLUNA JCF - TRADIÇÃO E CULTURA - EDIÇÃO Nº 0130-2021 TEMA: OS DESTEMIDOS SOLDADOS DA BORRACHA...JCF
COLUNA
JCF – TRADIÇÃO E CULTURA
11/05/2015
JCF CLOVIS - TRADIÇÃO E CULTURA
VIAJANDO
PELA HISTORIA E CULTURA
0130
– OS DESTEMIDOS SOLDADOS DA BORRACHA
26/05/2021 – Esta edição nº 0130-2021
que ora inicio terá O REGISTROS DE PARTE DA HISTORIA DE RONDÔNIA DURANTE O
CICLO DA BORRACHA ONDE O DESTAQUE SERÁ “OS DESTEMIDOS SOLDADOS DA BORRACHA”
02/10/2014 10h08 - Atualizado em 02/10/2014
18h39
Aos 94 anos, ex-soldado da borracha conta história de
amor por Porto Velho
Francisco
da Rocha, o Mossoró, vive há mais de 70 anos no município.
Capital de Rondônia comemora 100 anos
nesta quinta-feira, 2.
Seu Francisco, de 94 anos, também trabalhou com pesca em Porto Velho (Foto: Francisco da Rocha/Arquivo Pessoal)
No início da década de 1940, o objetivo do ex-soldado
da borracha Francisco da Rocha, hoje com 94 anos, era vir à Amazônia ganhar
dinheiro com a extração de látex e depois voltar para o estado natal, o Rio
Grande do Norte. Ele, o pai, a mãe e três irmãos chegaram a Porto Velho com
esse intuito. O comércio de borracha movimentava parte da economia do país
durante a Segunda Guerra Mundial.
No Rio Grande
do Norte, a situação era difícil para a família. "Sabe qual era a situação
de ter o produto, mas não ter pra quem vender? Tínhamos muitas criações no
Nordeste, mas ninguém tinha dinheiro para comprar nossas mercadorias",
relata.
Em meio aos
problemas financeiros e à seca, seu Francisco conta que ao ver os amigos se
alistando para vir à Amazônia, lembrou-se do sonho de morar em um lugar onde
chovesse muito. Apesar de a mãe contar histórias sobre os perigos com feras e
onças.
Nesta quinta-feira (2), a capital de Rondônia comemora
100 anos, a cidade se tornou a casa de seu Francisco, onde vive há mais de 70
anos. Mossoró, como é conhecido entre amigos e familiares, foi casado três
vezes, teve nove filhos, oito netos e quatro bisnetos.
Mossoró com a família em Porto Velho (Foto: Francisco da Rocha/Arquivo Pessoal)
Viagem para
Porto Velho
Francisco se alistou para se tornar um soldado da
borracha na Amazônia com a promessa de mandar dinheiro para a família, mas a
história mudou. “Quando saí do alistamento, dei de cara com meu pai, que disse
que eu só iria se ele fosse. Meu pai tinha 62 anos e passou nos exames.
Disseram que ele era um coroa sadio e que nós íamos ser felizes”, conta.
O pai de
Francisco decidiu que toda a família iria embora, a mãe e três irmãos também
foram. O caminho do Rio Grande do Norte até Porto Velho foi complicado. Mossoró
diz que ao todo a viagem durou três meses. Tudo começou em um caminhão
"pau de arara" até Fortaleza, em seguida foram de navio para Belém.
Na capital do Pará, ele ficou internado por cerca de 20 dias após contrair
sarampo e catapora. Quando melhorou seguiram viagem para Rondônia. "Era
uma embarcação muito lenta, demorava muito e tinha que parar à noite",
diz.
Exército
As lembranças de Belém não foram boas, o pai
contraiu malária e chegou doente a Porto Velho. Quando desembarcaram em
Rondônia, Mossoró ao invés de ir para o seringal se alistou no Exército.
"Um amigo disse que servir ao Exército era o mesmo que cortar seringa e
sempre tive sonho de vestir farda, achava bonita”, comenta. Ele serviu à 3ª
Companhia de Fronteira por seis meses, até receber a notícia da morte do pai em
consequência da malária. “Na época não tinha remédio e as pessoas morriam todo
dia", lamenta.
Porto Velho se tornou a casa de seu Francisco
(Foto: Francisco da
Rocha/Arquivo Pessoal)
Vida no seringal
Com a morte do pai, Francisco, que era o mais velho, acabou pedindo licença do Exército para ficar com a família. Após a saída, foram quatro meses até a ida para o seringal. "Era uma vida muito triste e solitária. Morava num barraquinho de 2x2, fechado com madeira e paxiúba e onças esturrando em volta da casa”, relata. A rotina era sair cedo para extrair o látex, voltar meio dia para defumar o leite e tomar um banho para almoçar a comida feita no dia anterior.
Devido a
distância, os seringueiros não recebiam visitas. Quem aparecia mensalmente era
o "comboeiro", que buscava a borracha para pesar no barracão.
"No final do mês tinha festinha, mas não tinha mulher. Já vi homem dançar
com homem. Eu nunca dancei, só observei", garante. Foi assim durante um
ano e seis meses, em um seringal de Porto Velho, no Rio Mucuim. “Até eu ver que
aquilo não era vida. Pedi ao patrão para ir a cidade ver minha mãe e meu saldo.
Ele perguntou se eu voltava e eu disse que sim”, afirma.
Seu Francisco
ganhou 12 mil réis por um ano e seis meses de trabalho, ao chegar a Porto
Velho, recebeu uma bronca da mãe que se preocupava com o filho dentro de um
seringal. "Fui pra casa e fiquei pensando ‘eu volto ou não?’. Não voltei
mais", diz.
Bairro Arigolândia
Sem o seringal, Mossoró começou a vida no bairro
Arigolândia, local onde vive até hoje. O bairro tem o nome em homenagem aos
"arigós", como eram chamados os nordestinos. Ele arrendou uma pequena
propriedade e iniciou o plantio de uma horta e depois trabalhou com pesca.
"Quando eu cheguei nesse bairro, não tinha rua, só barro. Eu tinha ideia
de ir embora, mas pensei aqui é que eu estava sendo abençoado", pontua.
Após mais de 70
anos na capital rondoniense, seu Francisco desistiu de voltar para sua terra
natal. "Vi muita coisa acontecer em Rondônia, resolvi ficar e sou muito
feliz na vida. Fui pegando gosto por aqui. Sempre visito o Nordeste, gosto de
lá, mas eu amo Porto Velho e quero ser enterrado aqui. Sou nordestino só porque
nasci lá", finaliza.
Francisco sempre visita o Rio Grande do Norte (Foto: Francisco da Rocha/Arquivo Pessoal)
Após esta linda entrevista com o nordestino “MOSSORÓ” encerro
esta edição nº 0130-2021- (26/05/2021)...jcf
Apçós a próxima...jcf




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