18 DE SETEMBRO DE 2021 - COLUNA JCF TRADIÇÃO E CULTURA -NL Nº 0244-2021 TEMA"PORTAL DFO AMAZONAS - TRAGÉDIA DE 1976" - JCF
17/SETEMBRO/2021 - NESTA EDIÇÃO DE Nº 0244-2021 VOU TRANSCREVER A TRAGÉDIA DE 1976 OCORRIDA NA RODOVIA DE MANAUS AO MUNICIPIO DE ITACOTIARA INTERIOR DO ESTADO DO AMAZONAS VG ACIDENTE RODOVIÁRIO OCORRIDO EM NOVEMBRO DE 1976
COLUNA
JCF
DESDE
11/05/2015
JCF Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
0244/2021
– AMAZONAS 1976 - TRAGÉDIA
24/03/2021 – NESTA EDIÇÃO Nº
076 – 2021 TEREMOS O RESUMO BIOGRÁFICO DO PINTOR PAISAGISTA BRASILEIRO JOSÉ
PANCETTI...JCF
17/09/2021 – NESTA EDIÇÃO Nº
0244-2021 VOU TRANCREVER A TRAGÉDIA DE 1976 OCASIONANDO 39 MORTES NO DIA 14 DE
NOVEMBRO DE 1976 NA RODOVIA-BR AM-010 ...JCF
“Filme de
terror” na Amazônia: conheça a história do acidente rodoviário que resultou em
39 corpos deformados por piranhas...JCF
Era madrugada do dia 14 de
novembro de 1976, quando o Corpo de Bombeiros do Amazonas foi
acionado para um resgate na rodovia AM-010..
ARTE: AVG/REDE
AMAZÔNICA
A maior tragédia
rodoviária do Amazonas
Na noite do dia 13 de novembro de 1976, um sábado,
passageiros se preparavam para embarcar em um dos ônibus que sairia de Manaus
com destino à cidade de Itacoatiara - um dos principais municípios amazonenses.
Entre os veículos, o de numeração 0546 da empresa Soltur (Solumões Transporte e
Turismo), dirigido por José Aurélio Duarte, e no atendimento, a rodomoça Maria
de Lurdes Moreira da Silva. Ainda no terminal, o jornalista Carlos Costa,
estava indo à trabalho para a "Velha Serpa" – nome de origem
portuguesa, que a aldeia de Itacoatiara recebeu em 1759, quando passou à
categoria de Vila -, com a missão de cobrir as eleições municipais do dia 15 de
novembro (1976) daquele ano. Enquanto aguardava o horário de partida foi
abordado por um casal que queria trocar de ônibus e chegar mais rápido ao
destino, para comemorar o casamento em lua de mel.
"Eu ia no ônibus que era a novidade na época.
Naquela noite, um casal me abordou, pois queriam ir em lua de mel juntos e não
tinham mais dois lugares disponíveis no "frescão" (ônibus com
ar-condicionado), até que me convenceram e cedi meu lugar para eles, então fui
no outro ônibus, que sairia pouco depois", conta o jornalista, em
entrevista à equipe do Portal Amazônia, em Manaus.
FOTO:
REPRODUÇÃO/MANAUS DE ANTIGAMENTE
Motorista
no volante e rodo moça na recepção para o embarque dos 42 passageiros no
"frescão", modelo Marcopolo III, que deixaria o terminal de Manaus
por volta da 00h. Entre os passageiros, o mecânico Dirceu de Araújo, que
ocupava uma das últimas poltronas nas fileiras finais do veículo, além do
sargento da aeronáutica Elísio Araújo, sua esposa Alta riza Alencar, e suas
filhas, Edmea, Eliete e Elisangela Soares de apenas 6 meses de vida.
Por causa da segurança, e a preocupação de não
querer deixar sua casa em Manaus sozinha durante o feriado prolongado de
Proclamação da República, a família do sargento Elísio não estava completa no
ônibus. O pai que já tinha comprado passagens para ele, esposa, as três filhas
e os dois filhos, resolveu vender as passagens dos filhos, Altevir Alencar e
Elísio Júnior.
"Toda minha família ia para Itacoatiara, mas
de última hora papai nos perguntou se ficávamos tomando conta da casa...
Motorista
no volante e rodo moça na recepção para o embarque dos 42 passageiros no
"frescão", modelo Marcopolo III, que deixaria o terminal de Manaus
por volta da 00h. Entre os passageiros, o mecânico Dirceu de Araújo, que
ocupava uma das últimas poltronas nas fileiras finais do veículo, além do
sargento da aeronáutica Elísio Araújo, sua esposa Altariza Alencar, e suas
filhas, Edmea, Eliete e Elisangela Soares de apenas 6 meses de vida.
Por causa da segurança, e a preocupação de não
querer deixar sua casa em Manaus sozinha durante o feriado prolongado de
Proclamação da República, a família do sargento Elísio não estava completa no
ônibus. O pai que já tinha comprado passagens para ele, esposa, as três filhas
e os dois filhos, resolveu vender as passagens dos filhos, Altevir Alencar e
Elísio Júnior.
papai nos perguntou se
ficávamos tomando conta da casa, meu irmão e eu, e ficamos. Por volta das 11 e
meia da noite, eles saíram para ir à rodoviária, pois o ônibus sairia meia
noite. Durante a noite, tudo normal, mas por volta das quatro da madrugada, meu
irmão teve um sonho com nossa irmã mais velha. No sonho, ela tentava contar
outro sonho pra ele, mas não conseguia, acabava desmaiando. E desde essa hora
não conseguimos mais dormir, porque ele me acordou, pois tinha ficado muito
impressionado com o sonho", conta emocionado, o radialista Elísio Júnior,
em entrevista à equipe do Portal Amazônia que esteve em Itacoatiara no mês de
julho.
ELÍSIO JÚNIOR, FILHO DO SARGENTE ELÍSIO. |
FOTO: DIEGO OLIVEIRA/PORTAL AMAZÔNIA
Ao longo da estrada escura, apenas iluminada pela lua, ar-condicionado funcionando, muitos passageiros dormindo e o "frescão" se afastando cada vez mais de Manaus. Depois de horas de viagem o destino ia ficando mais próximo. Já por volta das 4h30 da madrugada de domingo (14), ao se aproximar do rio Urubu, altura da Comunidade São José
restavam apenas a travessia da última balsa e poucos quilômetros para o
destino final: a terra da "Pedra Pintada", que vem do escrito
indígena ita: pedra; e coatiara: gravado, pintado, escrito, dá origem ao nome da
cidade: Itacoatiara.
"Era o quinto carro do dia, e a balsa estava
no meio do rio. Quando eu cheguei a uns 100 metros da guarita de onde
controlavam a balsa, limite para eu parar o ônibus, eles [balseiros] jogaram
luz, com uma lanterna, para que eu me aproximasse da beira do rio para embarcar
na balsa, eu fui reduzindo a velocidade do veículo, e quando eu procurei freio…
cadê mais? Depois da plataforma onde a balsa encostava, tinham de 15 a 20
metros de profundidade, e eu não sabia. Aí, o ônibus entrou no rio, depois foi
afundando", conta o motorista José Aurélio, em entrevista exclusiva à
equipe do Portal Amazônia, 41 anos depois do acidente.
FOTO: O ÔNIBUS NÃO CONSEGUE PARAR ANTES DO RIO URUBU...JCF
mecânico saiu de sua poltrona e tentou uma saída para se salvar.
"Quando ele [o ônibus] ia descendo na água eu
tentei ir para a porta da frente, e quando eu passei vi o Alex [outro
passageiro] no lado de uma janelinha. Fui e vi também que o motorista estava
tentando abrir a porta para um lado e a turma para o outro, aí eu me virei e
fui direto na janelinha, quando vi que o Alex tinha acabado de sair, aí eu fui.
Enquanto eu saia do ônibus, senti que alguém tinha segurado o meu pé, eu pensei
comigo: meu amigo você pode ficar com meu pé, mas que eu boio, eu boio, e boiei
longe, quando vi tinham mais dois onde eu estava", conta o mecânico
Dirceu, que boiou próximo a uma igreja na margem oposta ao local do acidente.
Com o "frescão"(ÔNIBUS COM AR CONDICIONADO" já nas águas escuras do rio Urubu, o desespero tomou conta de todos que tentavam escapar do veículo, que também tinha as janelas travadas, e pelos poucos locais que poderiam sair, José Aurélio lembra como...JCF
"Quando eu estava saindo do ônibus, senti a rodomoça agarrada em
mim boiando. Eu já tinha afundado duas vezes. E uma hora eu ouvi que ela
desesperada disse assim: 'Zé Aurélio, pelo amor de Deus, não me deixa morrer,
não, pois tenho três filhos para criar!'. Eu fui ao encontro dela e fiz igual
aos salva-vidas do Rio de Janeiro, dei uma porrada no queixo dela, para ela
desmaiar e ficar leve e eu poder ajudar ela, mas não teve jeito, eu já estava
cansado e de boca aberta, me engasguei com água e me afoguei", conta o
motorista.
Com a rodo moça aflita, clamando por ajuda do motorista, que também
tentava se salvar, o desespero tomou conta de José Aurélio, e se afogou.
Eu tinha me afogado, e ela estava atracada comigo, aí
os catraieiros [barqueiros] vieram e ajudaram a salvar eu e ela, pois eu já não
tinha nem perna para sair. Eu me salvei graças a eles que estavam do outro lado
do rio. Agradeço primeiramente a Deus e depois aos catraieiros", conta
emocionado o motorista.
Dirceu lembra que conseguiu nadar, mesmo
machucado, por
debaixo do rio, até a
superfície já do outro lado, onde encontrou outros passageiros que também
tinham conseguido sobreviver, mas que precisavam de socorro médico, pois também
estavam machucados.
"Eu boiei perto de uma igreja, onde tinham
uns aviões. E lá chegou o seu Marcelino [estivador], o Alex e a rodomoça, e aí
vimos um taxista que tinha passado pelo ônibus e avisamos ele do acidente, nessa
hora ele me cedeu o carro para levar os feridos que estavam sangrando para o
hospital. Eu vim para Itacoatiara, pois fui ao hospital deixar os feridos,
depois fui avisar ao delegado, isso já umas cinco da manhã, o dia amanhecendo.
Avisei na garagem da empresa também e depois voltei ao lugar para acompanhar
todo o resgate", conta o mecânico.
Ao voltar ao local do acidente, já com o dia
claro, Dirceu se juntou a multidão de curiosos e moradores da região, além dos
familiares que não paravam de chegar em busca de informações dos passageiros
resgatados. Inúmeras tentativas para tirar o "frescão" do fundo do
rio, mas com o peso da água dentro do ônibus os primeiros maquinários que
chegaram não tinham a força suficiente para içar o veículo.
Os bombeiros que foram
de Manaus também tentavam quebrar as janelas do "frescão", sem
sucesso, pois a pressão da água era tanto que as batidas nos vidros se tornavam
ineficazes. Era preciso retirar o ônibus de dentro do rio para que se iniciasse
o resgate das vítimas.
"Os bombeiros de Manaus só chegaram de tarde
ao local, e quem ajudou a tirar o ônibus foi o seu Luiz, da família dos
Sangria. Ele tinha dois tratores que foram usados para tirar parte do o ônibus
do rio. Nesse momento os bombeiros quebraram os vidros e tiravam os corpos
comidos por piranhas, e perfurados por candirus, principalmente as mulheres,
que tiveram as partes íntimas, seios, e rostos deformados, até por terem a pele
mais fina que a do homem",
relembra o mecânico.
Quando receberam a notícia da fatalidade, os
irmãos Elísio e Altevir foram levados de Manaus até a margem do rio Urubu com a
expectativa de que ao menos o pai estava vivo, e acompanhar as informações do
acidente.
"Já estávamos acordados
desde o sonho que meu irmão teve. Quando foi umas seis e meia da manhã, um
sargento da aeronáutica chegou batendo lá em casa, e dizendo que tinha tido um
acidente com o ônibus, e que talvez nosso pai tivesse escapado. Então começou o
corre-corre em nossas vidas e não sabíamos o quê fazer. Aí um amigo da família
conseguiu um transporte e nos levou para Itacoatiara. Saímos de Manaus meio dia
e chegamos ao local do acidente por volta das três e meia da tarde, e ainda
estavam tentando puxar o ônibus, pois estava muito pesado. Eu vi toda essa
movimentação", relembra o radialista.
De quando o ônibus caiu nas águas do rio Urubu, com as janelas vedadas, em
função do sistema de ar-condicionado do veículo, e das possibilidades de saída,
até que água inundasse todo o veículo, José Aurélio lembra que em meio ao
desespero e afogamentos, só alguns passageiros conseguiram se salvar.
"Quando o ônibus caiu no rio, a janela lateral e o para-brisa saíram, e isso ajudou os passageiros a saírem. Esse ônibus era munido de 44 lugares, e então os passageiros que se salvaram eram das poltronas 41, 42, 43 e 44, os últimos, pois as duas janelas laterais de trás não eram lacradas, então eles conseguiram sair. Agora os demais não conseguiram… [voz embargada]. É muito complicado, foi muito doloroso", conta o motorista emocionado, por telefone, à equipe do Portal Amazônia.
ARTE: AVG/REDE AMAZÔNICA
AS VÍTIMAS
FAMÍLIA DO
SARGENTE ELÍSIO. | FOTO: ELÍSIO JÚNIOR/ACERVO PESSOAL
Carlos Costa estava com o nome na lista de
passageiros do ônibus 0546, mas ao trocar com o casal que passaria a lua de mel na "velha Serpa"...
mel na "Velha Serpa", não informou à empresa da mudança, e
quando a Soltur divulgou a lista das vítimas, os familiares do jornalista foram
avisados, e foi mais um momento de desespero.
"Eu só sobrevivi porque mudei de ônibus. Eu
ajudei no resgate das vítimas de dentro do "frescão", naquele momento
pude ver os corpos do casal que me pediu para trocar de lugar no ônibus. Eles
morreram abraçados. Como eu troquei de ônibus, meu nome apareceu na lista das
vítimas, e todos pensavam que eu tinha morrido, mas minha mãe pressentia que
não, e só depois de três dias consegui voltar para Manaus, onde já estavam
preparando o meu velório", lembra o jornalista, emocionado.
JORNALISTA E
PROFESSOR CARLOS COSTA. | FOTO: WILLIAM COSTA/PORTAL AMAZÔNIA
JOSÉ AURÉLIO DUARTE, O MOTORISTA. | FOTO: JOSÉ AURÉLIO DUARTE/ACERVO PESSOAL
VOU ABORTAR
ESTA EDIÇÃO Nº 0244-2021 E RETORNAR EM OUTRA OPORTUNIDADE PARA CPNCLÇUIR ESTA
NARRATIVA DESTE TERRÍVEL ACIDENTE DE 1976...JCF
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