22 DE NOVEMBRO DE 2021 - COLUNA JCF - TRADIÇÃO E CULTURA - EDIÇÃO Nº 0298-2021 - 2ª TEMPORADA - TEMA: AS AMAZONAS OU AS MULHERES GUERREIRAS - JCF
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11/05/2015
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0298/2021 – AS AMAZONAS
22/11/2021 – NESTA EDIÇÃO Nº 0298-2021
FAREI O REGISTRO DAS MULHERES REGUEIRAS AMAZONAS...JCF
“MULHERES GUERREIRAS: AS MITOLÓGICAS
AMAZONAS REALMENTE EXISTIRAM?
Mencionadas repetidas vezes pelos gregos antigos
tanto em seus registros históricos oficiais quanto em sua mitologia, as
guerreiras Amazonas já eram dotadas de fama na época de Homero, por volta do
oitavo século antes de Cristo. Mesmo com todas as marcas que deixaram, há
poucas evidências que essas lutadoras formidáveis que inspiraram lendas antigas
realmente existiram – o que não significa que não há indício nenhum.
Segundo as lendas, as Amazonas eram guerreiras de
grande habilidade que viviam em comunidades exclusivamente femininas,
arranjando parceiros uma vez por ano para se procriarem – e os matando após a
fecundação. O mito também afirma que essas mulheres combatentes chegavam ao
extremo de arrancar um dos próprios seios para se tornarem melhores arqueiras.
Uma das Amazonas mais famosas da antiguidade foi
Antíope, que o herói Teseu conquistou e tomou como sua concubina durante uma
invasão – o que certamente deu muito certo para o homem. Outros nomes célebres
incluem Pentesileia, que se encontrou com Aquiles durante a guerra de Troia, e
Myrina, rainha das guerreiras africanas.
Até no Brasil
Desde a antiguidade, o nome das Amazonas vem sendo
usado para descrever as mulheres combatentes de forma geral, incluindo um grupo
que supostamente viveu no grande rio que dá nome à maior floresta do Brasil. O
explorador Francisco de Orellana relatou que seus homens entraram em combate
com guerreiras extremamente habilidosas em um afluente do fluxo principal de
água, que foi então renomeado como Rio Amazonas.
Até pouco tempo, tudo parecia indicar que as
Amazonas originais haviam sido completamente inventadas pelos gregos
patriarcais como uma forma de ressaltar a suposta superioridade natural dos
homens. Nos mitos, as lutadoras lutavam e cavalgavam como os guerreiros
machões, mas sempre acabavam sendo derrotadas por eles. Dessa forma, as lendas
serviam para mostrar como mudar a “ordem natural” de dominação masculina
causaria problemas.
Achado histórico
Nos início da década de 1990, os arqueólogos Renate Rolle e
Jeanninne Davis-Kimball descobriram evidências que balançaram o que achávamos
saber sobre as Amazonas. Durante explorações nas estepes Urais, que cercam o
Mar Negro em uma região da Rússia, os estudiosos encontraram os túmulos de
mulheres guerreiras que foram enterradas com suas armas – algumas até
apresentavam ferimentos de combate.
Uma das covas continha os restos de uma mulher segurando um bebê
em seu peito, o que não seria nada incomum se não fossem os danos nos ossos de
sua mão, desgastados por puxar cordas de arcos repetidamente, e a presença de
suas armas ao seu lado. Alguns dos cadáveres femininos tinham pernas arqueadas
de tanto andar a cavalo e elas possuíam uma altura média de 1,68 metro, o que
as tornava excepcionalmente altas para a época.
Embora muitas evidências parecessem apontar que o achado se
tratava de um legítimo cemitério de Amazonas, apenas 25% dos guerreiros
encontrados lá eram do sexo feminino. Por fim, os estudiosos acabaram afirmando
que os corpos eram de citas, uma raça de cavaleiros nomeada pelo historiador
Heródoto como descendentes da tribo mitológica mulheres lutadoras.
A descoberta finalmente representava evidências arqueológicas
da existência de descendentes das Amazonas no mesmo local em que Heródoto havia
afirmado que eles viveram. No entanto, a presença de cadáveres de homens e de
crianças de ambos os sexos parecia contradizer o que era conhecido sobre o
estilo de sociedade das mulheres combatentes.
O elo perdido
Segundo Heródoto, um grupo de Amazonas que havia sido capturado
conseguiu se libertar e matar os gregos no navio que o transportava. No
entanto, nenhuma delas tinha conhecimentos de navegação e a embarcação acabou
embarcando na região em que os citas originais viviam. As guerreiras acabaram
se unindo e casando com eles, formando um novo grupo nômade que eventualmente
chegou nas estepes e formou uma nova chama, os sármatas.
“As mulheres sármatas desde então continuaram a praticar alguns
de seus costumes ancestrais, frequentemente caçando a cavalo com seus maridos.
Durante guerras, iam aos campos e usavam as mesmas vestimentas que os homens.
Segundos suas leis, nenhuma garota poderia se casar até ter matado um homem em
combate”, escreveu o historiador.
Ainda que exista a possibilidade dos relatos de Heródoto não
serem completamente precisos, certamente há evidências suficientes da cultura
dos sármatas para afirmar que esse grupo tinha uma ordem social bem mais
flexível e menos sexista do que era comum em Atenas naquela época. Além disso,
o fato de eles possuírem habilidosas mulheres guerreiras também reforça sua
possível origem.
Origem das lendas
Muitos historiadores acreditam que as lutadoras desse grupo
foram na verdade a inspiração que levou os gregos a criar mitos sobre seus
ancestrais, de forma que os contos foram se tornando mais exagerados com o
passar do tempo. Dessa forma, a lenda das Amazonas poderia ter se originado de
uma simples sociedade em que as mulheres possuíam um papel mais igualitário.
Outra possibilidade é que as lendas inicialmente não tivessem
qualquer ligação com os sármatas, mas a busca de Heródoto pela origem das
histórias das guerreiras acabou levando-o a criar a conexão. De qualquer forma,
as informações atuais nos levam a crer que as Amazonas das lendas nunca existiram
de fato, mas que realmente existiram mulheres lutadoras tão poderosas que
acabaram dando origem aos mitos.
E você, acredita que a sociedade das matadoras de homens era
real? Deixe sua opinião nos comentários.
*Publicado originalmente em 29/08/2014.
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