23/FEV/2020
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Viajando
pela historia e cultura
1795
– O GARIMPO DE SERRA PELADA
22/FEV/2020 – Esta edição nº
1795 é um complemento do tema da edição nº 1697 tendo primeiramente registrado
um resumo biográfico do Senhor Major Curió e nesta nº 1795 o registro será sobre o próprio Garimpo Serra
Pelada...
Como
foi o garimpo em Serra Pelada?
O maior garimpo a céu aberto
do mundo chegou a reunir mais de 100 mil pessoas atrás de pepitas de ouro no
interior do Pará
Por Juliana Sayuri
access_time4 jul 2018, 20h18
- Publicado em 9 dez 2016, 13h26chat_bubble_outlinemore_horiz
Foi um fenômeno da mineração
que ocorreu no Pará entre 1980 e 1992. Tudo começou quando uma pepita de ouro
foi encontrada na fazenda de Três Barras no final de 1979 (há controvérsias
sobre a data), atraindo, nos meses seguintes, mais de 30 mil pessoas. A fazenda
foi invadida pelos garimpeiros e passou a ser controlada pela ditadura militar
– o líder era Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, que tinha feito
“fama” perseguindo guerrilheiros no Araguaia (em 1982, o major se tornou
deputado federal e, em 1988, deu nome a Curionópolis, onde oficialmente está
Serra Pelada). Munidos de pás e picaretas, os garimpeiros desterraram o morro
de 150 m de altura, deixando no lugar uma cratera de 24 mil m2 que se
transformou num lago de 200 m de profundidade com a ação das chuvas. Serra
Pelada foi o maior garimpo a céu aberto do mundo, de onde foram extraídas
toneladas de ouro.
1. Após a descoberta inicial, mais de 30 mil
pessoas foram atrás do ouro. A Vale do Rio Doce, que tinha direitos sobre a
lavra, recebeu uma indenização do governo pela perda da área, que foi invadida.
Todo mundo devia vender o ouro para os cofres federais, mas, na prática, o
contrabando existia. A Vale interditou a cava diversas vezes para mecanizar a
exploração, mas os garimpeiros voltavam para lá.
ESTE ENORME AGLOMERADO COMO UMA GRANDE CONFUSÃO ERA O RETRATO COTIDIANO NO MAIOR GARIMPO A CÉU ABERTO DO MUNDO...GARIMPO DE SERRA PELADA...JCF
2. No garimpo, não era cada
um por si. O terreno era dividido em “barrancos” (pedaços de terra de 2 por 3
m), que foram conquistados à força no começo e, depois, sorteados, contando
inclusive com escritura. Os donos dos barrancos eram os “capitalistas”, que
tinham subordinados e ficavam com quase todo o lucro. No auge, Serra Pelada
tinha 300 barrancos
3. Logo abaixo do
capitalista estava o meia-praça, basicamente o cara que dizia quem iria escavar
onde. Por dar ordens, o meia-praça era a “classe média” do garimpo – e,
diferentemente dos outros, que eram assalariados, ganhava por comissão. Ele
recebia uma pequena porcentagem sobre o ouro encontrado (de 2 a 5%)
4. Os outros empregados eram
o cavador, o apontador, o apurador e o formiga. O trabalho começava com este
último: ele cavava o solo até encontrar rocha. Depois, juntava até 35 kg dessa
terra num saco, punha nas costas e o carregava para fora da cava, subindo escadas
improvisadas chamadas de “adeus-mamãe”. Seu pagamento era proporcional ao peso
levado.
5. O cavador era o empregado
mais importante: orientado pelo meia-praça, ele marretava a rocha com picaretas
atrás de pepitas. Dependia-se muito da sorte, pois não dava para saber se o
barranco estava premiado ou não antes de explorá-lo. Era frequente encontrar
pepitas de ouro do tamanho de uma bola de golfe
8. Na mina eram proibidos
álcool, armas e mulheres – havia policiais federais (os “fedecas”) monitorando
tudo. Diante das proibições na jazida, nasceu a Vila Trinta, um vilarejo a 30
km de Serra Pelada, na rodovia PA-175, com bares e muitos bordéis. Além da
farra, a aldeia era lugar para aliviar as armas de fogo. Entre brigas e acertos
de contas, os assassinatos eram rotineiros
SERRA PELADA - ESTA IMAGEM TAMBÉM FAZIA PARTE DO DIA A DIA DOS MILHARES DE GARIMPEIROS EM SERRA PELADA - CONFRONTOS GARIMPEIROS X POLICIA FAZIA PARTE DAQUELA MOVIMENTAÇÃO DE GARIMPEIROS EM BUSCAS DA PEDRA DOURADA SINÔNIMO DE VIDA MELHOR PARA A FAMÍLIA -
9. A fase áurea foi entre
1982 e 1986, quando 100 mil pessoas se acotovelavam em Curionópolis (hoje com
18 mil habitantes). O garimpo em Serra Pelada durou até 1992, quando o governo
fechou a mina. Até o encerramento, 56 toneladas do valioso metal foram
arrancadas (incluindo aí a extração clandestina). Em 2002, o garimpo voltou,
mas de modo mecanizado
Após
a descoberta inicial, mais
de 30 mil pessoas foram atrás do ouro. A Vale do Rio Doce, que
tinha direitos sobre a lavra, recebeu uma indenização do governo pela perda da
área, que foi invadida. Todo mundo devia vender o ouro para os cofres federais,
mas, na prática, o contrabando existia. A Vale interditou a cava diversas vezes
para mecanizar a exploração, mas os garimpeiros voltavam para lá
2. No garimpo, não
era cada um por si. O terreno era dividido em “barrancos” (pedaços
de terra de 2 por 3 m), que foram conquistados à força no começo e, depois,
sorteados, contando inclusive com escritura. Os donos dos barrancos eram os
“capitalistas”, que tinham subordinados e ficavam com quase todo o lucro. No
auge, Serra Pelada tinha 300 barrancos.
3. Logo abaixo do
capitalista estava o meia-praça, basicamente
o cara que dizia quem iria escavar onde. Por dar ordens, o meia-praça era a
“classe média” do garimpo – e, diferentemente dos outros, que eram
assalariados, ganhava por comissão. Ele recebia uma pequena porcentagem sobre o
ouro encontrado (de 2 a 5%)
4. Os outros
empregados eram o
cavador, o apontador, o apurador e o formiga. O trabalho
começava com este último: ele cavava o solo até encontrar rocha. Depois,
juntava até 35 kg dessa terra num saco, punha nas costas e o carregava para
fora da cava, subindo escadas improvisadas chamadas de “adeus-mamãe”. Seu
pagamento era proporcional ao peso levado
5. O cavador era o
empregado mais importante: orientado pelo meia-praça, ele marretava a rocha com
picaretas atrás de pepitas. Dependia-se muito da sorte, pois não dava para
saber se o barranco estava premiado ou não antes de explorá-lo. Era frequente
encontrar pepitas de ouro do tamanho de uma bola de golfe.
6. Em seguida,
ocorria a lavagem. Nessa
parte, o apurador escorria a terra por uma calha coberta de mercúrio líquido. A
substância se unia ao ouro, formando uma liga. A bateia (uma espécie de bandeja
côncava de metal) era usada para separar a liga da terra. Depois, esse mix era
esquentado para evaporar o mercúrio e sobrar só o ouro
7. Próximo ao
barranco existia
um guichê da Caixa Econômica Federal. Pela lei, era o único
lugar onde os garimpeiros poderiam vender o minério extraído. Havia uma balança
para pesar o ouro e o pagamento era feito em dinheiro vivo. No entanto, a Caixa
estabelecia os preços, que eram até 60% abaixo do valor real das pedras.
EIS O TÃO COBIÇADO TROFEU PROCURADO NAQUELA SERRA PELADA....JCF
8. Na mina eram
proibidos álcool, armas e mulheres – havia policiais federais (os “fedecas”)
monitorando tudo. Diante das proibições na jazida, nasceu a Vila Trinta, um
vilarejo a 30 km de Serra Pelada, na rodovia PA-175, com bares e muitos
bordéis. Além da farra, a aldeia era lugar para aliviar as armas de fogo. Entre
brigas e acertos de contas, os assassinatos eram rotineiros.
9. A fase áurea foi
entre 1982 e 1986, quando 100
mil pessoas se acotovelavam em Curionópolis (hoje com 18
mil habitantes). O garimpo em Serra Pelada durou até 1992, quando o governo
fechou a mina. Até o encerramento, 56 toneladas do valioso metal foram
arrancadas (incluindo aí a extração clandestina). Em 2002, o garimpo voltou,
mas de modo mecanizado.
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