08/JUN/2020 - JCF
1896 – REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
História da República Democrática do Congo
Período colonial
Independência
COLUNA
JCF – TRADIÇÃO E CULTURA
JCF
Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
1896 – REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO
História da República Democrática do Congo
Acreditam que os primeiros habitantes do país tenham sido os
africanos, que foram sendo deslocados para o leste com a chegada dos
povos bantos.
Entre os séculos X e XV, esses novos habitantes
desenvolveram culturas baseadas na metalurgia do cobre e do ferro e mantiveram um comércio ativo com as
cidades mercantis da costa oriental da África. Entre 1350 e 1400 foi fundado
o reino do Congo, que ocupava uma área de 300.000 km² de ambos os lados da foz do rio que os nativos chamavam Mzaire.
Estruturaram-se vários reinos que reconheciam certa supremacia ao rei do Congo.
Em 1482, o português Diogo Cão avistou a foz do
rio e estabeleceu relações amistosas com o manikongo (senhor do Congo), de autoridade
divina. Em 1489, uma embaixada congolesa chegou
a Lisboa, e no ano seguinte Portugal enviou pedreiros e carpinteiros que construíram,
em pedra, a parte nova da
capital. O reino congolês adotou o catolicismo e, no início
do século
XVI,
comerciantes portugueses se lançaram ao contrabando de escravos. Os outros povos europeus penetraram nas
suas florestas muito mais tarde,
no século
XIX, ao
subirem o rio Congo.
Nessa época, os principais estados da região de Katanga, entre o rio Kasai e o lago Tanganica, eram o reino Luba e o império Lunda. No início do
século, um guerreiro chamado Kongolo fundou Mwibele, capital
de Luba, e submeteu os povos vizinhos. Lunga
Kalala, que sucedeu a Kongolo após assassiná-lo, ampliou as fronteiras
do reino. Seus sucessores, após inúmeras conquistas, criaram o reino Lunda (c. 1750), que se estendia até a região setentrional de Angola.
Período colonial
A partir do século XVI, o Congo constituiu a
maior reserva de escravos transportados para
as Américas. Já no século XIX, porém, o tráfico negreiro cedeu lugar, progressivamente à ocupação colonial.
O interesse pela África aumentou devido
aos relatórios dos exploradores, sobretudo de Sir Henry Morton Stanley. Entre 1840 e 1872, o missionário inglês David Livingstone empreendeu uma
série de explorações na África central, nas quais cruzou
várias vezes o território congolês. O rei da Bélgica, Leopoldo II criou,
em 1876, a Associação Internacional Africana (AIA), em seguida transformada em Associação Internacional do Congo (1878), que contratou o jornalista Sir Henry Morton Stanley para estabelecer relações comerciais
com o interior. Stanley, financiado por Leopoldo II, explorou o território congolês e completou o reconhecimento
da bacia do Congo. Assinou, com dois mil chefes africanos, 400 tratados que estabeleciam
a paz, autorizavam a passagem
e permitiam o emprego de mão-de-obra, em troca de presentes
e indenizações, para a implantação de
quarenta portos, desde a foz até as cataratas do Congo.
Na Conferência de Berlim (1884-1885), que efetuou a partilha da África entre as potências europeias, a região foi
denominada Estado Livre do Congo e considerada "independente" - propriedade particular do rei
dos belgas. A crescente demanda de borracha, na virada do século XX, ajudou a financiar a
exploração econômica do Congo. Leopoldo II criou um exército particular de mercenários para
explorar marfim e borracha no Congo. Todo o
trabalho é escravo. Estima-se que em vinte anos, mais de 10 milhões de
congoleses tenham sido mortos pelos mercenários de Leopoldo II. A exploração
dos nativos foi denunciada pelo cônsul britânico, Roger Casement, e o parlamento belga,
pressionado pela comunidade internacional, viu-se obrigado a destituir a propriedade
do Estado livre do Congo de Leopoldo II, transferindo-a para o governo da
Bélgica e, com isso, oficializando a colonização, ou seja, concedendo ao
território congolês um estatuto colonial (1908). Esse território passou a ser conhecido por Congo Belga, até a sua
independência em 1960, quando adotou a
designação de República do Congo.
Em 1921, nasceu o kimbanguismo, movimento messiânico liderado por Simon Kimbangu, que buscava organizar
a população do Congo Belga contra a cultura europeia e as missões católicas.
O nacionalismo se desenvolveu
mais tarde e de forma gradativa. Quando da invasão da Bélgica pela Alemanha, o Congo entrou
na Segunda Guerra Mundial, em 1940. Após o conflito, uma
onda de crises abalou a colônia. A força pública se revoltou em Luluaburg e
no Kasai em 1944 e, no ano seguinte, em Masiri e
em Matadi. Esses movimentos foram esmagados, e houve um
grande número de mortos.
Independência
A política colonial permitiu elevar o nível de vida do país,
sobretudo na década de 1950, mas não o preparou
para a independência - por exemplo, os
africanos negros só depois de 1954 tiveram acesso ao ensino universitário e só nesta altura
foi permitida a formação de partidos políticos.
A crise da colonização começou pela economia: baixa de preço
dos minérios, redução dos investimentos e aumento do desemprego. Em meados da década de 1950, começou a tomar corpo
o movimento político congolês. Em 1956, o grupo Conscience
Africaine, que reunia jornalistas e funcionários,
divulgou um manifesto reivindicando a
emancipação do país. No ano
seguinte,
a Bélgica autorizou a
realização das primeiras eleições na colônia.
O ano de 1959 foi marcado por
constantes distúrbios, que muitas vezes degeneravam em combates de rua, com
mortos e feridos. O desejo de independência dos principais partidos
nacionalistas levou os belgas, em 30 de junho de 1960, a finalmente conceder a independência ao Congo Belga, com o nome de República do Congo ("Congo-Kinshasa"), mas passados
dias o país encontrava-se mergulhado na anarquia e com vários surtos de
rebelião e lutas tribais.
Depois das eleições realizadas antes da independência, os
líderes do Movimento Nacional do Congo (ou Movimento Nacional Congolês), dirigido por Patrice Lumumba, e a Abako (Associação do Baixo Congo), presidida por Joseph Kasavubu, resolveram de comum
acordo que Lumumba deveria ser o primeiro-ministro e que Kasavubu deveria
ocupar a presidência.
Violentas desordens começaram quando a independência foi
declarada. O Exército belga deslocou-se para
salvaguardar a segurança da população branca. Houve atos de violência contra os europeus, diante das ameaças de
retaliação econômica dos belgas pela nova política adotada por Lumumba em
relação à mineração. A força pública
congolesa sublevou-se, exigindo a demissão dos oficiais belgas. Moïse Kapenda Tshombé proclamou a independência
da província de Katanga (atual Shaba),
a mais rica em diamantes e outros minérios, e solicitou ajuda
militar à Bélgica.
O Congo chamou as forças de paz das Nações
Unidas num
esforço para evitar a guerra civil. Nova secessão
pronunciou-se em agosto, desta vez na província de Kasai. O presidente Kasavubu destituiu Lumumba, que, em janeiro
de 1961, foi sequestrado e assassinado por forças
especiais belgas com o apoio da CIA . O exército governamental, dirigido pelo coronel Joseph Desiré Mobutu (mais tarde, Mobutu Sese Seko), partidário de
Kasavubu, com o beneplácito da ONU, assumiu o poder.
Em dezembro de 1960, Antoine Gizenga proclamou-se primeiro-ministro e designou Stanleyville, atual Kisangani, capital do Congo. Em 1961,
partidários de Lumumba invadiram o norte de Katanga e o Conselho de Segurança da ONU enviou tropas para evitar uma guerra
civil.
Em julho de 1961, a Assembleia, reunida em Léopoldville, confirmou Kasavubu na
presidência do país e elegeu Cyrille Adoula primeiro-ministro. No ano seguinte, os Capacetes Azuis da ONU puseram fim à secessão de Katanga ao ocuparam Elisabethville, atual Lubumbashi. Em junho de 1964, Adoula demitiu-se. Uma nova Constituição foi promulgada em
1964 e formou-se um governo presidido por Tschombe (1964-1965), mas a situação permaneceu tensa.
Em novembro de 1965, com apoio dos Estados Unidos, um golpe militar,
liderado pelo general Mobutu, depôs Kasavubu. Mobutu assumiu diretamente o
poder, criando um governo de tipo personalista, e dissolveu a Assembleia
Nacional em março de 1966. Nos primeiros anos na
presidência, Mobutu conseguiu certa estabilidade política. Em 1966, algumas
empresas de mineração estrangeiras foram nacionalizadas. Ao mesmo tempo,
enveredou por uma política de regresso às origens africanas, alterando nomes
europeus de pessoas e de algumas cidades para nomes africanos.
Ainda em 1965, Che Guevara, em pessoa, lutava
no front pela restauração do governo democrático derrubado
pelas forças imperiais. Disfarçado e com cerca de 120 guerrilheiros cubanos ele
combateu nas selvas úmidas africanas. Devido ao seu repentino desaparecimento
os EUA anunciavam
que Fidel teria matado Che.
As forças que apoiavam a volta de um governo democrático e anti-imperialista
como o de Lumumba eram formadas por guerrilheiros de vários países, como os
rebeldes de Ruanda.
regime de Mobutu adotou externamente as características de
um Estado progressista: em 1967 Mobutu fez aprovar, por plebiscito, uma Constituição
presidencialista, que criava um Estado unitário e reconhecia
como partido único o Movimento Popular da
Revolução.
Sem oposição, Mobutu elegeu-se presidente em 1970. Patrice Lumumba foi proclamado
herói nacional, e em 1971 o país (que era
mais conhecido como Congo-Kinshasa, para o diferenciar
do Congo-Brazaville) passou a denominar-se Zaire. Um ano depois, o presidente adotou os prenomes nativos
de Sese Seko.
No começo da década de 1970, Mobutu iniciou um
amplo programa de africanização. Em 1973, o governo enfrentou dificuldades econômicas e a dívida externa do país aumentou
consideravelmente. A relativa estabilidade interna foi rompida quando, em 1977, houve um a invasão, organizada em Angola, de antigos residentes
da região de Shaba (nome dado a Katanga em 1972). Mobutu
apelou para a França, para conter novas
rebeliões (Kolwezi). Graças à colaboração de tropas francesas
e marroquinas, os guerrilheiros foram
expulsos de Shaba. No mesmo ano, reformas políticas permitiram a realização de
eleições diretas. Mobutu reelegeu-se em 1978 e 1984.
Em 1989, o governo adotou uma
nova reforma econômica que não conseguiu superar as condições críticas do país.
No início da década de 1990, as dificuldades
econômicas e o endurecimento do regime geraram protestos que levaram o governo
a fazer algumas concessões, como a adoção do multipartidarismo, com a legalização dos
partidos da oposição (1990), e o estabelecimento
de um poder de transição, mas opôs-se à democratização plena das instituições.
A democratização do país esbarrou,
no entanto, nos conflitos entre os partidos de oposição e na relutância de
Mobutu a abrir mão de seu poder, adiando as eleições presidenciais a fim de
exercer um quarto mandato. Em 1992, o FMI declarou o país
uma "nação não-cooperativa".
As lutas pelo poder entre o Alto Conselho da República e Mobutu levaram à
formação de dois governos rivais em 1993, situação agravada por uma rebelião do exército, que não recebia
seus soldos. Ao mesmo tempo,
a economia estava à beira do
colapso. Em 1994, estabeleceu-se uma
data limite de 15 meses para o retorno da democracia, o que fortaleceu por
algum tempo o poder do governo. Mobutu, alegando problemas econômicos e da
instabilidade geral, adiou as eleições presidenciais previstas para julho
de 1995 a fim de exercer
um quarto mandato.
Ainda em 1994, o país viu-se
envolvido no drama de Ruanda. Hutus radicais
assassinam cerca de 1 milhão de tutsis e hutus moderados
na vizinha Ruanda em apenas três meses, no maior genocídio do mundo desde
a Segunda Guerra Mundial (ver Genocídio em Ruanda). Poucos meses depois, tutsis assumem o controle do país e o
Congo teve de receber centenas de milhares de refugiados hutus que participaram
da matança e se instalaram no leste do país, agravando a crise política.
A organização de acampamentos para essa enorme
massa de refugiados e a administração da ajuda internacional despertaram o
ressentimento dos baniamulenges,
em cuja região se estabeleceu a maioria dos campos de refugiados. Essa etnia, que pertence ao grupo tutsi de Ruanda e Burundi, sentiu-se ameaçada
pela presença de um número tão grande de hutus, seus inimigos históricos e
responsáveis pelo massacre de tutsis em Ruanda. Inicialmente, atacaram os acampamentos,
forçando quase meio milhão de hutus a voltarem para seu país. Depois, pegaram
em armas para combater o governo de Mobutu. O movimento tribal se uniu, nessa
oportunidade, ao movimento guerrilheiro organizado por Laurent Desiré Kabila, veterano partidário de Lumumba que lutou junto a Che Guevara durante sua
participação nas guerras civis do Congo.
Vou abortar e retornar na
edição nº 1913 para continuar com a historia do Congo destacando A Guerra
Civil.
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