|15/AGOSTO/2020 - JCF
JCF
Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
1986 – MUNDURUNKUS – PRESENÇA
MISSIONÁRIA
05/08/2020 – CONTINUANDO A EDIÇÃO Nº 1974
NESTA EDIÇÃO 1986 REGISTRAREI OS INDÍGENS MUNFURUNKUS COM A PRESENÇA DOS
MISSIONARIOS
1ª fonte: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Munduruku
Presença missionária
A Missão
católica, além de ter exercido influência na concentração da população nas
margens do rio Cururu, difundiu princípios do catolicismo, como o batismo do
recém-nascido como obrigatório e o casamento religioso. No entanto, em relação
ao mundo da religião indígena, mesmo considerando que as práticas de conversão
não diferem em essência das praticadas no período colonial, com a condenação
dos rituais de pajelança, os avanços em termos de conversão católica podem ser
considerados modestos tendo em vista que os Munduruku são extremamente ligados
ao mundo de sua religião tradicional.
A Missão
exerce ainda hoje atribuições importantes no campo da educação e da saúde. Nos
últimos tempos, mesmo discordando das crenças indígenas, a Igreja tem buscado
contribuir no processo de organização e preparação dos Munduruku visando a
demarcação e proteção da terra e apoiando reivindicações de direitos.
Organização social
Aspectos culturais
A partir do contato com as frentes econômicas e as instituições não indígenas (missão e SPI), vários aspectos da vida cultural dos Munduruku sofreram mudanças. Sendo um povo guerreiro, várias
FEIRA DE ARTESANATOS ENCANTA OS VISITANTES...JCF
expressões culturais significativas estavam relacionadas às atividades de guerra, que tinham um caráter simbólico marcante para constituição do homem e da sociedade Munduruku.. Os deslocamentos das aldeias tradicionais para o estabelecimento nas margens dos rios, formando pequenos núcleos populacionais, por certo contribuiu também para o desaparecimento da casa dos homens, unidade importante na aldeia tradicional e na permanência de alguns rituais de caráter coletivo que estavam relacionados às atividades de provisão de alimentos, divididas entre a estação da seca (abril a setembro) e a estação das chuvas (outubro a março). Entre estes rituais estava o da “mãe do mato”, realizado no início do período das chuvas, visando obter permissão para as atividades de caça, proteção nas incursões pela floresta e bons resultados na caçada. Alguns elementos desta atividade ainda estão presentes, ou foram recriados com novos significados, especialmente na relação de respeito com os animais caçados, nas práticas do cotidiano do homem caçador para obter caça e nas regras alimentares.
Os Mundurucus mantêm algumas práticas culturais relacionadas à pesca, atividade de maior intensidade no verão, entre as quais estão as brincadeiras que antecedem a pescaria com timbó, uma raiz que após ser triturada é usada nos rios para facilitar a captura dos peixes. Geralmente no dia anterior à “tingüejada”, a raiz do timbó é triturada sobre troncos, onde é batida de forma ritmada com pedaços de paus pelos homens. As mulheres, especialmente as jovens, apanham urucu ou a seiva em forma de goma branca de um arbusto chamado sorva, e passam a perseguir os homens com a finalidade de passar estes produtos no rosto e nos cabelos dos mesmos; estes fogem e configura-se um jogo por toda a aldeia. Para os Munduruku esta é uma forma de alegrar os peixes e obter fartura na pescaria do dia seguinte.
Atualmente, em algumas aldeias ainda são tocadas periodicamente as flautas parasuy, instrumentos importantes na mitologia Munduruku. Mas os tocadores são homens velhos, o que compromete a continuidade da tradição. No entanto, têm surgido por parte dos jovens, especialmente professores e novas lideranças, iniciativas visando a preservação das canções e músicas tradicionais.
A riqueza da cultura Munduruku é extraordinária, incluindo um repertório de canções tradicionais de musicalidade e poesia incomum, que versa sobre relações do cotidiano, frutos, animais etc. A cosmologia apresenta narrativas que inclui conhecimentos dos astros, constelações e da Via Láctea, chamada kabikodepu, em que são identificadas as estrelas que a compõe.Há a
presença de duas missões religiosas. A Missão São Francisco, localizada na
aldeia Missão, no rio Cururu, instalada em 1911; e a Missão Batista, que
iniciou suas atividades em fins da década de 1960, estando situada na aldeia
Sai Cinza, no rio Tapajós, com uma distância de cerca de 40 minutos de lancha
da pequena cidade de Jacareacanga. Como falei anteriormente, as interferências
na vida cultural e religiosa dos Munduruku estão presentes devido à atuação das
duas instituições religiosas, porém, os Munduruku em sua maioria, apesar de
participarem dos rituais católicos e protestantes, dificilmente podem ser
considerados como plenamente convertidos. Atualmente não há mais uma objeção
aberta por parte das Missões às práticas de pajelança. E ao que parece os
Munduruku não atribuem grande importância às condenações feitas pelas religiões
cristãs à sua religiosidade tradicional. A presença de missões de diferentes
religiões não causou entre os Munduruku rivalidades ou disputas deste cunho,
fato que pode significar que eles atribuem soluções e interpretações próprias
no que diz respeito a religião.
Cultura material
Na
cultura material se destacam as cestarias e os trançados, que são atividades
masculinas, cabendo ao homem a confecção do Iço – cesto com o qual as mulheres
carregam os frutos e produtos da roça –, as peneiras e demais utensílios de uso
doméstico feitos com talas e fibras naturais.
Nos
cestos Munduruku são grafados com urucu desenhos que identificam o clã do
marido. Assim, por exemplo, as tipóias para carregar as crianças que são
confeccionadas pelas mulheres com a fibra extraída de uma árvore, identificam,
com a cor natural vermelha ou branca, a metade exogâmica à qual a criança
pertence.
Alguns
homens e especialmente as mulheres são exímios na confecção de colares com
figuras zoomorfas (peixes, tracajás, gato do mato, jacaré etc.) esculpidos com
sementes de inajá e tucumã.
A cerâmica, atividade feminina por
excelência, encontra-se quase desaparecida, tendo algumas mulheres na aldeias
Kaburuá e Katõ que ainda dominam as técnicas tradicionais. Há informações de
que entre os Mundurucu da terra indígena Coatá, no estado do Amazonas, esta
prática está mais presente.
Vou
abortar e retornar na edição nº 1987 - JCF
Comentários
Postar um comentário