29 NOVEMBRO DE 2020 - EDIÇÃO Nº 2084 - 2ª PARTE DO TEMA REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA MONUMENTO DE RONDÔNIA - JCF
COLUNA
JCF – DESDE 11/05/2015
JCF
Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
2084
– REAL FORTE PRINCIPE DA BEIRA – RO
PARTE
2
REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA À MARGEM DO RIO GUAPORÉ SOLO BRASILEIRO VG NA MSRGEM ESQUERDA É SOLO BOLIVIANO...JCF
18/11/2020 – EDIÇÃO º 2084 TERÁ A CONTINUAÇÃO DA EDIÇÃO 2083 DO TEMA REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA TAMBÉM CONHECIDO COMO FORTALEZA DO PRÍNCIPE DA BEIRA...
1ª fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Real_Forte_Pr%C3%ADncipe_da_Beira
Continuação...
Real Forte Príncipe da Beira
A fortaleza no século XIX
A partir do final do século
XVIII, consolidada a presença portuguesa na região, a fortaleza
perdeu a importância estratégica. SOUZA (1885) informa que, em 1864, a
praça estava guarnecida por dez soldados, dos quais efetivamente três em
serviço; os demais estavam destacados no Presídio das Pedras e
no da foz do rio Itonamas.
Antônio Leôncio Pereira Ferraz complementa-nos:
"O
forte fica em 12o. 36' de Latitude e 21o. 26' 28" de Longitude W do Rio de
Janeiro, e a ele voltaria, em 1778, o mesmo Capitão General [Pereira e Cáceres], em inspeção às
obras em andamento e ao material de guerra ali chegado.
A pedra cal empregada na construção fora enviada de Corumbá, Albuquerque
e de Belém do Pará pela via fluvial dos Rios Madeira, Mamoré Jaurú deste para o
Rio Guaporé; só em 1782 foram conduzidas
pedras que deram para o fabrico de 2.000 alqueires [de cal]. As obras de cantaria eram
executadas no [rio] Jaurú e o restante do material como a pedra cal vieram
do Pará, pelo rio Madeira, na época tão
movimentado, a ponto de dar melhores resultados que as monções de povoados.
(...) A fundação do Forte do Príncipe da Beira [1775], com a de
Viseu [1776], obrigaram os espanhóis à assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, cujo ajuste foi terminado em 1777, valendo aquele Capitão General [Pereira e Cáceres] a frase com
que o pintaria o dirigente espanhol de Santa Cruz de la Sierra: 'O mais
ambicioso dos Governadores portugueses'. (...)
O forte do Príncipe da Beira é abaluartado, [pelo] sistema Vauban, e construído sobre um quadrado, medindo cada face 118 metros e
50 centímetros e tendo em cada ângulo um baluarte de 59 metros sobre 48 na
máxima altura.
Em cada baluarte há 14 canhoneiras, sendo três por flanco e
quatro por face. As cortinas, que ligam os baluartes entre si, medem cada uma
92 metros e 40 centímetros , e as golas 22 metros. O fosso interno segundo
(BARROSO, 2015), "tem a profundidade de 3 metros e meio , seu sangrador é
de uma largura de 40 de centímetros". O portão do forte fica no centro da
cortina que se acha voltada para o Norte e dá acesso a um saguão, dividido em
dois compartimentos; liga-o ao outro lado do fosso uma ponte de 31 metros de
comprimento. Na praça principal da fortificação há duas ruas de casas,
paralelas às cortinas e formando um conjunto de 12 edifícios, todos em ruínas.
As muralhas do forte são de alvenaria conjugada
de pedra dupla, com revestimento de cantaria, e medem da esplanada ao fosso 8
metros e 22 centímetros. Na cortina, voltada para Oeste, há também um portão
que dá saída para o rio. O forte se acha assentado numa colina, que dista 180
léguas aproximadamente da atual cidade de Mato Grosso e 14, em linha reta, da
foz do [rio] Mamoré.
A Comissão de Limites de 1874 diz que, a sua posição astronômica é a de 12º 17' 19"
de longitude W do meridiano do Rio de Janeiro. O principal técnico de que
dispôs [o governador] Luiz de Albuquerque, no seu projeto de edificação do
forte, foi o Ajudante de Infantaria Domingos Sambuceti, conquanto tenha sido
ouvido a respeito Ricardo Franco [Serra]. O Diretor de Obras, porém, foi o
Capitão José Pinheiro de Lacerda, que dispendeu na construção 480:000$000 soma
essa, sem dúvida alguma, vultosa para aqueles tempos. As obras ficaram terminadas
em 1783 e era o forte destinado a receber 56 canhões, segundo se infere do seu
próprio traçado; mas só em 1830 ali aportava a primeira artilharia que lhe
era destinada, constante de quatro bocas de fogo de calibre 24, enviadas do
Pará desde 1825. Mais tarde ali foram ter
mais 14 canhões de ferro, de calibre 12. Foi seu primeiro comandante o Capitão
de Dragões [da Capitania de Mato Grosso] José de Melo Castro de Vilhena e Silva. Em 1864 ainda havia ali uma
guarnição de 10 soldados, dos quais só três ficavam no forte, sendo os demais
deslocados para Pedras e Itonamas, segundo o Coronel [Augusto] Fausto de Souza.
A 9 de junho de 1789 foi aquela fortificação visitada pelo naturalista
Dr. Alexandre
Rodrigues Ferreira, vindo do Pará em missão
régia de caráter científico. Em 1831, devido ao abandono em que se achava e o consequente
relaxamento da disciplina, houve um levante da guarnição, concomitante com o de
outras forças da Província. Cinco anos mais tarde [1836] para ali eram mandados
os sentenciados cumprir penas, e dois anos mais tarde [1838] o Dr. Francisco Sabino da Rocha Vieira, chefe da Sabinada, haveria tido
igual sorte, se potentados de Mato Grosso não lhe
tivessem ostensivamente dado guarida, salvando-o certamente de perecer em
região tão inóspita.
Pelas inscrições identificadas
nas dependências da prisão, confirma-se que o forte foi usado como presídio
político no século XIX.
O Major de Engenharia Guilherme
Carlos de Lassance, o 1º Tenente da Marinha Frederico de Oliveira e
o médico Dr. João Severiano da Fonseca (autor
da "Viagem ao Redor do Brasil"),
que compunham a Comissão Demarcadora dos Limites do Brasil com a Bolívia
[Comissão do Barão de Maracajú], em 1876 encontraram-no
guarnecido com 14 praças e um sargento.
VOU ABORTAR ESTA 2ª PARTE E
CONTINUAR A TERCEIRA PARTE NA EDUÇÃO Nº 2085...JCF
O século XX
Abandonado à época da Proclamação da República do
Brasil, o forte foi visitado pelo Almirante José Carlos de Carvalho e outras autoridades (6 de
julho de 1913), que lavraram Ata de sua visita, tendo deliberado:
·
Confiar o monumento histórico à guarda do Estado de Mato Grosso,
até que o Governo Federal resolva sobre sua administração definitiva;
·
Remover uma das peças de artilharia ainda encontradas nele para
o Museu Nacional no Rio de Janeiro, bem
como uma das meias-portas de madeira de lei, onde se acham ainda fixadas
ferragens daquela época;
Além disso, o Governo do Estado
de Mato Grosso resolveu remover para as dependências do forte arruinado o posto
fiscal interino de Lamego e a manter um destacamento de polícia incumbido
da guarda e conservação do forte.
Cândido Mariano da Silva
Rondon (1865-1958) visitou as suas ruínas em 1914,
tendo-lhe procedido trabalhos de limpeza da mata que a asfixiara. Demorou,
entretanto, até 1930 para que uma nova expedição do Exército brasileiro as redescobrisse,
voltando a guarnecê-las dois anos após, ali instalando o Contingente
Especial de Fronteira do Forte Príncipe da Beira, que, em 1954, teve
a sua designação mudada para 7º Pelotão de Fronteira, e, em 1977,
para 3º Pelotão Especial de Fronteira, subordinado ao 6º
Batalhão Especial de Fronteira.
Tombada desde 1950 pelo IPHAN, em 8 de abril de 1983 em solenidade com a presença do Presidente da República do Brasil, General João Baptista de Figueiredo, e do embaixador de Portugal, Adriano Carvalho, sob salva de 21 tiros de canhão, foi assinado Termo de Compromisso entre o Ministério da Educação e Cultura, o Ministério do Exército e o Governo de Rondônia visando a restauração, conservação e utilização do forte. Técnicos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional se responsabilizaram pela pesquisa arqueológica (foi encontrado material lítico pré-colombiano com c. 10 mil anos de idade) e pelos levantamentos necessários à elaboração do projeto de restauração, que contou ainda com a participação de consultores portugueses da Fundação Calouste Gulbenkian (Professor Viana de Lima), uma vez que todo o material iconográfico de construção da fortaleza se encontra em Portugal. O Ministério do Exército, através do 3º Pelotão Especial de Fronteira ficou responsável, à época, pelo apoio material ao projeto.
O século XXI
Vizinho ao Real Forte
Príncipe da Beira encontra-se o quartel do PEF (1º
Pelotão Especial de Fronteira) - os chamados
"Sentinela do Guaporé", sob a jurisdição do 6.º Batalhão de
Infantaria de Selva. É uma organização militar vinculada à 17.ª Brigada de
Infantaria de Selva, sediada em Porto
Velho.
A partir de 2009 estavam
em progresso trabalhos de prospecção arqueológica no interior do forte, por
iniciativa do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, sob a coordenação do
arqueólogo Fernando Marques,
do Museu Paraense Emílio Goeldi. Os
trabalhos, previstos para durar três anos, destinam-se a requalificar o forte
para a visitação turística.
A comunidade quilombola
A Comunidade Quilombola
do Forte Príncipe da Beira foi reconhecida oficialmente como remanescente
de quilombolas em 19/08/2005 pelo pela Fundação Palmares, portaria de
certificação 32/2005. Forma parte dos territórios negros do Vale do Rio
Guaporé, situados na divisa entre Brasil e Bolívia, constituídos desde o século
XVIII. Segundo ALMEIDA "As crônicas de expedições punitivas
relatam os quilombos constituídos por negros e indígenas. O contato entre
negros e indígenas do Vale do Guaporé possibilitou uma nova fisionomia
étnica." Organizados pela Associação Quilombola do Forte (Asqforte) a comunidade
pleiteia com apoio do Ministério Público Federal de Ji Paraná a realização do
Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) pelo INCRA para definir
os seus direitos territoriais na área de terras públicas atualmente sob
controle do Exército Brasileiro, segundo o decreto 4.887/2003, que regula
trâmites da regularização de áreas quilombolas previstas no art. 68 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
Curiosidades (BARROSO,2015
·
A cor avermelhada da fortificação deve-se ao emprego, na sua
construção, de pedra canga laterítica, abundante na região.
· A pedra calcária, utilizada nos arremates por exemplo, foi transportada de Vila Maria e de Belém do Pará.
·
A cifra de trabalhadores artífices foram mais de duzentos
homens, estima-se que pelo menos mil outros trabalhadores estiveram envolvidos
na sua edificação, entre indígenas e escravos africanos.
·
Os recursos para a edificação vieram, em grande parte, das
receitas geradas pela Companhia
Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
·
Foram usados 11 milheiros de telhas para as residências
internas;
·
a abertura do fosso externo da parte do Rio Guaporé é de 11
braças de comprimentos com 4,5 de largura;
·
O fosso da porta é de 7,5 de braças e na mesma largura abertura
do fosso na lateral é de 5 braças;
·
Os cascos das canoas utilizadas no transporte de pedras para a
fortaleza eram de Angelim;
·
A sapata da Fortaleza mede 8 palmos de profundidade;
·
A altura do Real Forte é de 13,5 palmos (interior);
·
O cabouqueiro era o especialista na extração e lapidação das
pedras;
·
O Real forte teve seus alicerce baseado no mesmo nível da Ultima
enchente (1771) quando derrubou o Nossa senhora da Conceição;
·
A planta do Forte de Nossa Senhora da Conceição foi desenhada
pelo Sargento-Mor de Infantaria com exercício de engenharia José Mathias de
Oliveira Rego;
·
Das inscrições nas paredes das antigas masmorras, podem-se
inferir alguns detalhes da vida cotidiana na fortificação:
o No
dia 18 de setembro de 1852, pelas
duas horas da tarde, a terra tremeu;
o Alguns
prisioneiros usavam grossa e comprida corrente ao pescoço;
o Os
presos eventualmente recebiam auxílio, na forma de esmolas, da população local.
ATÉ A PRÓXIMA...JCF
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