23 DEZEMBRO DE 2020 - EDIÇÃO Nº 2.113 - 2ª POSTAGEM DESTA QUARTA FERA - FAZENDA JACOBINA - JCF
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11/05/2015
JCF Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
2.113
– A FAZENDA JACOBINA
16/12/2020 – Nesta
edição nº 2.113 vou abordar e registrar o que for possível sobre a Fazenda
Jacobina.
Jacobina, a fazenda mais rica da província tinha mais de 200 escravos - JCF
Fazenda Jacobina, Mato Grosso, Brasil. Imagem extraída do livro
publicado em 1978 "Vila Maria dos Meus Maiores", de Luís-Philippe
Pereira Leite
Denominação
A origem do nome é atribuída,
por meio de uma lenda, ao casal de índios Jacob e Bina. Nessa lenda, diz-se que
nas terras de Jacobina vivia um casal de índios, de cujos nomes Jacob e Bina.
Assim, pela junção dos nomes forma-se a palavra "Jacobina". Essa
nomeação está relacionada aos primeiros habitantes da região e, evocados pelo
discurso dos portugueses, mantém-se na história de institucionalização dessa
fazenda.
História
Origem e desenvolvimento
Fazenda Jacobina é a dica de lazer para hoje em Cáceres - JCF
Este latifúndio,
estabelecido em 1769 pelo português Leonardo Soares de Sousa, logo
se tornou um importante estabelecimento produtor de charque e
de açúcar, que abastecia não só os grandes centros brasileiros como São Paulo e Rio de Janeiro, mas que também exportava para
a Europa. Em
1772, a fazenda foi requerida pela Coroa
Portuguesa. A partir desse ato, deu-se origem à ata de fundação de Vila
Maria, em 6 de outubro de 1778, povoamento que viria a formar a atual cidade de
Cáceres. Foi grande centro agropecuário, sendo considerada, em 1827, como a
fazenda mais próspera da Província de Mato Grosso, com 60.000 cabeças de gado.
CONHEÇA A HISTÓRICA FAZENDA JACOBINA EM CÁCERES...JCF
Foram inúmeros os hóspedes da fazenda, entre eles estava o viajante e autor francês francês Hercules Florence, em 1827. De acordo com Florence, que integrou a expedição Langsdorff ao interior do país entre os anos de 1825 e 1829, no livro intitulado Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas está registrada a surpresa do autor com a opulência existente na fazenda. O viajante francês Hércules Florence registrou em seu Diário:
Em 1827, a Jacobina era a mais rica fazenda da Província. Tinha 60 mil
cabeças de gado, 200 escravos e igual número de alforriados
As roças abrangiam canaviais, plantações de
mandioca, feijão, cereais e café para abastecimento dos núcleos adjacentes.
Possuía também engenho movido por força hidráulica.
Jacobina, a fazenda mais rica da província tinha mais de 200 escravos - JCF
As instalações da fazenda
compreendiam um sobrado com uma grande varanda com parapeito ao longo da
fachada da casa, casas cobertas de telhas, uma capela dedicada a Santo Antônio,
grandes armazéns, quatro engenhos de açúcar, dois tocados à água e dois por
bois, uma olaria, uma máquina de socar milho e ranchos. A propriedade contava também
com horta e pomar e criação aves domésticas. Segundo a tradição oral da
família Pereira Leite, o sobrado foi construído por trabalhadores portugueses
que retornavam das obras da sede administrativa da capitania do Mato Grosso
em Vila Bela da Santíssima
Trindade. Segundo o “Diário da Diligência do Reconhecimento do rio
Paraguai”, de autoria de Ricardo Franco de Almeida Serra, em 1786 as obras de
construção ainda não estavam concluídas.
Declínio e atualidade
Como a maioria dos latifúndios
brasileiros da época, era utilizada mão-de-obra escrava; cerca
de 200 escravos residiam na fazenda. Seu declínio inicia-se no final do
século XIX, após a abolição
da escravatura. Além disso, a ascensão dos engenhos de cana-de-açúcar no
Nordeste e as leis trabalhistas implementadas no governo
Vargas na década de 1930 também contribuiriam com esse processo.
Por sua importância histórica e
cultural, o antigo casarão, um sobrado colonial feito com taipa de
pilão, encontra-se tombado pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, enquanto a área da
fazenda vem sendo ocupada por tanques de piscicultura. Atualmente, a
fazenda pertence à família Lara e é um dos maiores atrativos históricos do
município. O casarão foi transformado em empreendimento turístico, com
restaurante com comidas típicas, piscinas e passeios, além de ser usada
como local para realização de atividades educacionais para estudantes da
região.
A Jacobina e a Sabinada
O Dr. Francisco
Sabino Álvares da Rocha Vieira, principal líder da revolução
baiana conhecida com Sabinada, após
ser detido (1838), foi
julgado e condenado à prisão, pena comutada por degredo no Forte do Príncipe da Beira.
Quando a caminho de Vila Bela da Santíssima
Trindade, adoeceu na vizinhança da Fazenda Jacobina, onde encontrou
abrigo e proteção por parte do major João Carlos Pereira Leite,
então senhor da Jacobina. Nesta fazenda Sabino permaneceu exercendo
a sua profissão de médico, atendendo a enfermos de toda a Província, até à sua
morte, no Natal de 1846, nela tendo sido sepultado.
ATÉ UMA PRÓXIMA EDIÇÃO DE HISTÓRIA OU CULTURA - JCF
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