31 JULHO 2021 - COLUNA JCF - TRADIÇÃO E CULTURA - NL Nº 0190-2021 COM O TEMA CARLOTA JOAQUINA E DOM JOÃO FUJÃO...JCF

COLUNA JCF – DESDE 11/05/2015

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0092 –  GERTRUDE BELL

29/07/2021 – MINHA COLUNA CRIADA EM 15/05/2015 TEM O PERFIL DE PUBLICAR CULTURA E ISTORIA NACIONAL OU INTERNACIONAIS E SENDO ASSIM ESTA EDIÇÃO Nº 0190 - 2021 TERÁ O REGISTRO DO CASAL PORTUGUÊS “CARLOTA JOAQUINA E DOM JOÃO FUJÃO...JCF

1ª fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/carlota-joaquina-dom-joao-vi.htm

Carlota Joaquina e Dom João VI

É fato incontestável que a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, na virada de 1807 para 1808, marcou a história do país, haja vista que nossa nação deixou de ser colônia de Portugal para tornar-se, junto ao país ibérico e a Algarves, um Reino Unido. Entretanto, geralmente os conteúdos escolares sobre esse período concentram-se nas transformações políticas conduzidas por Dom João VI no Brasil e não se detêm em outros pontos, como: de que modo as relações íntimas da família real poderiam interferir no destino político tanto do Brasil quanto de Portugal?

Dom Pedro I, o responsável direto por nossa Independência, era fruto do casal real D. João VI D. Carlota Joaquina. O primeiro, herdeiro da dinastia dos Bragança de Portugal e filho da rainha Maria I, a Louca. A segunda, membro da dinastia dos Bourbon, da Espanha, e filha do rei Carlos IV. A união das duas casas por meio do matrimônio dos dois foi selada em 1765, quando o noivo tinha 18 anos, e a noiva, apenas 10. O casamento consumou-se apenas cinco anos depois e, como aponta o historiador Otávio Tarquínio de Sousa, em sua biografia de Dom Pedro I, o par “estava fadado ao desencontro, ao desentendimento, à luta ora furtiva e desleal, ora franca e declarada. Em quase nada se pareciam esse português e essa espanhola. Ambos fisicamente feios, ambos sem nenhuma qualidade moral superior, ambos dissimulados, é certo.” .



O casal de reis de Portugal foi um dos mais controversos da história portuguesa

O destino infeliz do casal parecia estar traçado desde a combinação física, o que, entre os historiadores, tem rendido narrativas bem cômicas, como são as do mesmo Otávio Tarquínio de Sousa, tanto sobre o rei quanto sobre a rainha, como pode ser visto abaixo:

[…] Dom João carecia de qualquer dos atributos ou características que podem fazer um homem prezado ou admirado por mulheres, sobretudo do feitio da que lhe coube. Nada de beleza viril, coragem, decisão, ousadia, capacidade de mando. O Bragança, filho de sobrinha com tio, era desajeitado, grosso, balofo, barrigudo, moleirão, sem hábito de asseio para não dizer sujo, descuidado no vestuário, e medroso, acanhado, perplexo, sonso, apurando em manha o que minguava em autoridade, disfarçando em paciência a congênita irresolução.” 

Já de Carlota diz Sousa:

[…] A Bourbon, que as negociações diplomáticas e os arranjos de dinastias lhe deram a Dom João VI como parceira, era quase horrenda, ossuda, com uma espádua acentuadamente mais alta do que a outra, com uns olhos miúdos, uma pele grossa que as marcas de bexiga ainda faziam mais ásperas, um nariz avermelhado. E pequena, por um triz anã, claudicante. Nesse corpo mirrado uma alma ardente, ambiciosa, inquieta, sulcada de paixões, uma natureza exigente, com os impulsos do sexo alvoraçados, isenta de escrúpulos, afirmativa quando possível, mansa por cálculo, tenaz, ávida de mando, corajosa, capaz de arrostar a adversidade. 

Como se pode perceber, a relação entre Carlota Joaquina e Dom João VI foi uma das mais controversas e marcadas por tensões da história de Portugal. Ardilosa e politicamente ambiciosa – haja vista que, além de rainha de Portugal, também era uma possível regente ou mesmo rainha da Espanha –, D. Carlota desde muito cedo começou a tecer intrigas contra as malhas de poder do marido em favor próprio, inicialmente, e, depois, em favor de seu filho caçula, D. Miguel, incitando este a dar um Golpe de Estado contra o próprio pai em meados da década de 1820. De sua parte, D. João procurava esquivar-se também por meio de ardis contra as investidas da esposa, articulando toda sorte de negociações políticas, tanto internas quanto externas a Portugal.

Quando estavam no Brasil, D. João procurava combater estrategicamente as manobras napoleônicas, atacando pontos como a Guiana Francesa, na fronteira com a então província do Grão-Pará. Por outro lado, D. Carlota, ao saber do rompimento de laços políticos entre Napoleão e seu pai, Carlos IV, e da prisão de seu irmão e herdeiro do trono espanhol, pôs-se logo a investir, com a ajuda do almirante britânico Sidney Smith (que muitos julgam ter sido seu amante), na aprovação de sua pessoa, diante das colônias espanholas na América, como rainha do trono espanhol – projeto que não deu certo.

Essas e muitas peripécias do casal real português dão-nos a dimensão de como detalhes particulares podem afetar grandemente o andamento da história como um todo.

 

O príncipe D. João de Portugal, filho de D. Maria, a Louca, que depois se tornaria D. João VI, casou-se com Carlota Joaquina em 1795. Um dos motivos que fizeram com que esse casamento ocorresse foi:

a) Dom João VI já havia tido uma esposa estéril antes e se divorciara.

b) Carlota Joaquina pertencia à dinastia dos Habsburgo, que governava a Áustria na época.

c) Carlota Joaquina pertencia à dinastia dos Bourbon, que governava a Espanha na época.

d) Dom João VI precisava aliar-se a uma mulher que não tivesse origem nobre.

e) Carlota Joaquina pertencia à dinastia dos Bragança, a mesma de D. João.

Questão 2

 

O casamento entre Carlota Joaquina e D. João VI foi marcado por polêmicas e intrigas. Entre as polêmicas levantadas pelos historiadores, está o fato de Carlota:

a) ter tentado assassinar sua sogra, a rainha de Portugal, D. Maria I.

b) ter dado apoio a Dom Miguel, seu filho mais novo, para que ele desse um golpe político no governo do pai.

c) ter pedido divórcio – algo proibido e impensável em um país católico da época.

d) ter tentado promover a abolição da escravatura em todas as colônias portuguesas.

2ª fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/seis-fatos-curiosos-sobre-princesa-isabel.htm

Apresentamos seis fatos curiosos sobre a princesa Isabel para você conhecer melhor essa figura importante de nossa história.

Princesa Isabel, considerada “A Redentora” por ter assinado a Lei Áurea


Isabel de Bragança e Orleãs, mais conhecida como princesa Isabel, ou princesa imperial do Brasil, é a personagem histórica feminina mais citada em nosso país. Era filha do imperador D. Pedro II, da casa de Bragança, e da imperatriz consorte do Brasil, Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias. Sua grande notoriedade provém do fato de ter sido ela que assinou a Lei Áurea, isto é, a lei que aboliu a escravidão no Brasil. Em virtude desse gesto histórico, a princesa Isabel recebeu o título de “A Redentora”.

Pouco se sabe da herdeira de D. Pedro II além da relação com a causa abolicionista. Por isso, selecionamos seis fatos curiosos sobre essa personagem. Confira!

1) Foi declarada herdeira do trono brasileiro aos 11 meses de idade

A princesa Isabel, nascida em 29 de julho de 1846, era o segundo fruto da relação entre D. Pedro II e Teresa Cristina. O primeiro era D. Afonso Pedro, nascido em 23 de fevereiro de 1845. D. Afonso nasceu quando Pedro II tinha apenas 19 anos de idade. As expectativas depositadas no menino, como futuro sucessor do trono, fizeram com que o jovem imperador (D. Pedro II) amadurecesse e assumisse, de fato, as posturas de chefe de Estado e chefe de família – uma família aristocrática, diga-se de passagem.

Entretanto, no dia 11 de junho de 1847, D. Afonso, após uma sequência de convulsões, morreu, com pouco mais de dois anos de idade. Com a morte do irmão, Isabel passou a ser a herdeira presuntiva (quando não há nenhum outro herdeiro aparente ou preferível) do trono imperial brasileiro, contanto apenas com 11 meses de idade.

Em 19 de julho de 1848, o terceiro filho de D. Pedro II nasceu: Pedro Afonso. Com o nascimento de outro homem, a princesa Isabel perdeu o posto de herdeira. Todavia, isso não durou muito, pois Pedro Afonso, assim como o irmão mais velho, também morreu prematuramente, em 9 de janeiro de 1850. Com a morte do segundo irmão, Isabel tornou-se novamente herdeira presuntiva. Como Pedro II e Teresa Cristina tiveram apenas mais uma menina, Isabel tornou-se a herdeira oficial na sucessão do pai.

2) Assumiu o poder como princesa regente em três ocasiões

Já no auge de seu reinado, a partir da década de 1870, D. Pedro II, quando se ausentava do Brasil, delegava à filha as funções de chefe de Estado. Por três vezes que o imperador esteve fora do Brasil, Isabel tornou-se princesa regente. Vejamos:

1. Durante a Primeira Regência, em 1871, a princesa regente, junto a José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, que era chefe do Gabinete dos Ministros do Império, sancionou a Lei do Ventre Livre. A lei foi promulgada em 28 de setembro do mesmo ano e resolvia que nenhuma criança nascida de escravas negras seria também escrava.

2. Na Segunda Regência, que ocorreu entre 1876 e 1877, a princesa teve que enfrentar problemas de ordem política e pessoal. Houve a terrível seca do Nordeste nesse período, difícil de ser remediada. Além disso, houve um forte embate político-religioso entre dois grupos: o dos maçons e o dos católicos. Uma grande pressão pública recaía sobre Isabel, e seus críticos contestavam sua capacidade de substituir o pai. Isabel, sem a habilidade do pai e tendo sofrido um aborto no mesmo período, preferiu recolher-se em Petrópolis.

3. Na Terceira Regência, transcorrida entre o fim de 1887 e o início de 1888, a princesa Isabel, mais madura, aderiu explicitamente à causa abolicionista,  passando a se envolver diretamente com protagonistas do assunto, tais como André Rebouças e Joaquim Nabuco. Nesse período, ela entrou em confronto direto com o Ministro Barão de Cotegipe, escravocrata, que foi obrigado a se demitir do posto. Foi nessa terceira estadia no poder que, em 13 de maio de 1888, a princesa assinou a Lei Áurea.

 

3) Foi casada com Gastão de Orleãs, o Conde d'Eu

Isabel foi casada com o aristocrata francês Gastão de Orleãs, o Conde d'Eu, com quem teve três filhos, Pedro de Alcântara (Príncipe do Grão-Pará), Luís e Antônio. O Conde d'Eu ficou famoso não apenas por ter se casado com a princesa Isabel, mas também por ter sido um dos comandantes do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai e por ter ordenado um dos maiores massacres da América do Sul, na última fase dessa guerra.

4) Rejeitou a proposta de retomar o trono por meio de uma Guerra Civil

Após o golpe militar que destronou D. Pedro II, em 15 de novembro de 1889, muitos movimentos que exigiam a restauração da monarquia apareceram no Brasil. Alguns deles misturados a outras reivindicações, como foi o caso das duas Revoltas da Armada, ocorridas no início dos anos 1890. Nesse contexto, a princesa Isabel, que estava exilada com a família em Paris, estaria cotada para assumir o trono, já que seu pai morrera na mesma cidade em 1891.

No entanto, Isabel preferiu evitar derramamento de sangue e resignou-se a não mais pretender ser imperatriz do Brasil, como fica claro em um bilhete endereçado ao seu último chefe de gabinete, da Terceira Regência, João Alfredo: ''Meu pai, com seu prestígio, teria provavelmente recusado a guerra civil como um meio de retornar à pátria... lamento tudo quanto possa armar irmãos contra irmãos... É assim que tudo se perde e que nós nos perdemos. O senhor conhece meus sentimentos de católica e brasileira."

 

5) Morreu no exílio, em 1921, no Castelo d'Eu, em Paris

Como dito, após a Proclamação da República, a princesa Isabel e toda a família real exilaram-se na França. Os últimos dias da princesa foram passados no Castelo d'Eu, em Paris. Ela faleceu em 14 de novembro de 1921. Esses últimos dias foram dedicados à família e obras de caridade da Igreja Católica. Seu marido morreu um ano depois.

6) Em 1971, seus restos mortais foram trazidos para o Brasil e enterrados em Petrópolis

Cinquenta anos após a sua morte, em abril de 1971, os restos mortais da princesa Isabel e também os do seu marido, Conde d'Eu, foram trazidos para o Brasil. Na cidade do Rio de Janeiro, eles receberam honras de chefes de Estado e ficaram expostos na Igreja do Rosário, na rua Uruguaiana.

Depois, no dia 13 de maio do mesmo ano de 1971, em comemorações à Lei Áurea, os caixões seguiram para a cidade de Petrópolis, seio da tradição do Império brasileiro, e foram enterrados na catedral da cidade.

A regência de Dom Pedro I


Dom Pedro obteve apoio político para capitanear o processo de independência do Brasil

Entre os anos de 1821 e 1822, Dom Pedro I ocupou o cargo de príncipe regente do Brasil. Mesmo durando um breve período de tempo, o governo provisório de Dom Pedro foi marcado por um conjunto de transformações bastante intensas. Na época, seu pai, Dom João VI havia deixado o governo em suas mãos para participar do processo de reforma política que tomava conta de Portugal, desde 1820. Aqui no Brasil, essa mesma notícia teve importantes consequências históricas.

A chegada de Dom João VI ao Brasil, em 1808, mais do que marcar a transferência de uma Corte Real, transformou radicalmente a condição da economia brasileira. Desobrigada de manter negócios somente com Portugal, os grandes produtores agrícolas brasileiros atingiram marcas de lucro mais significativas com a inserção de seus produtos no livre-mercado. Além disso, a chegada dos produtos ingleses ao Brasil estabelecia um novo padrão de vida e consumo no país.,

Durante a formação das Cortes em Portugal, os revolucionários do Porto pretendiam reestruturar a economia portuguesa. Para isso, acreditavam que a manutenção dos laços coloniais era de suma importância para o fortalecimento da economia de Portugal. Isso significava a interrupção de todas as benesses materiais oferecidas pela liberdade econômica trazida com o governo de Dom João. Dessa forma, os aristocratas brasileiros formaram o Partido Brasileiro com o intuito de mobilizar forças que preservassem seus interesses de ordem econômica.

Uma das primeiras medidas desse novo partido foi agrupar um conjunto de assinaturas que exigiam a permanência de Dom Pedro no Brasil. Essa manifestação exigindo apoio de Dom Pedro, era uma resposta ao pedido formal das cortes portuguesas que reivindicavam o retorno do príncipe regente para Portugal. Vislumbrando o controle político sobre o território brasileiro, Dom Pedro I, em 9 de janeiro de 1822, declarou sua fidelidade aos brasileiros no pronunciamento que ficou conhecido como Dia do Fico.

Logo em seguida, Dom Pedro demitiu todos os portugueses que fazia parte de seu conselho de ministros e formou um novo conselho formado somente por brasileiros. Em maio de 1822, os ministros brasileiros instituíram o chamado “Cumpra-se”. De acordo com tal medida, qualquer ordem vinda de Portugal só poderia ser cumprida com a aprovação prévia do príncipe regente. Reforçando o apoio a Dom Pedro I, os ministros declararam Dom Pedro como “defensor perpétuo do Brasil”.

Em junho de 1822, Dom Pedro resolveu compor uma Assembleia Constituinte que deveria formar um conjunto de leis básicas a serem aplicadas em todo território nacional. Tal medida colocava em evidência a diferença de interesses entre Brasil e Portugal. Em agosto, o governo português enviou um novo decreto anulando as decisões tomadas pelo príncipe regente e exigindo seu imediato retorno.

Aconselhado por José Bonifácio e sua esposa, Dona Leopoldina, Dom Pedro não via alternativa a não ser a declaração de independência. Naquela mesma tarde de 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, Dom Pedro I proclamou o Brasil um país independente de Portugal.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

2ª fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/dom-joao-guerra-portugal.phtml

A FUGA DE D. JOÃO VI PARA O BRASIL RESULTOU EM GUERRA EM PORTUGAL



A guerra contra os franceses destruiu o país. O povo sentiu-se abandonado. Foi o estopim de uma revolução que obrigou dom João a retornar

No dia 30 de novembro de 1807, um pequeno tremor de terra sacudiu Lisboa. Os portugueses interpretaram o fenômeno como um mau agouro. De fato, o futuro que se anunciava nada tinha de promissor. Fazia apenas um dia que a família real havia deixado Portugal rumo ao Brasil, abandonando o povo à própria sorte. Sozinhos, os portugueses enfrentaram fome e crise financeira. E pior: tiveram de lutar por sete anos contra o mais poderoso exército da época – o francês, liderado por Napoleão Bonaparte. A guerra deixou 250 mil mortos em Portugal. Tudo isso, no entanto, fortaleceu o povo, que conseguiu, além de vencer os franceses com a ajuda britânica, se reorganizar politicamente e trazer de volta seu rei.

Os primeiros anos após a partida foram de sofrimento. O clima nas ruas era de abandono e revolta. A população sentia-se trapaceada. “Com a transferência da família real para o Brasil, quem tinha ligações com a corte, com o governo ou com qualquer instituição patrocinada por ele ficou sem renda nem carreira”, afirma o escritor e jornalista australiano Patrick Wilcken no livro Império a Deriva, sobre o período em que o Rio de Janeiro foi a capital da Coroa portuguesa.

Para administrar o país durante sua ausência, Dom João nomeou um Conselho de Governadores. Mas logo que a esquadra lusitana deixou o porto, as tropas de Napoleão invadiram e tomaram Lisboa, destituindo os representantes do príncipe regente. Começava uma das mais sangrentas batalhas da história de Portugal.

O POVO CONTRA NAPOLEÃO



A Guerra Peninsular, como ficou conhecida a sucessão de batalhas travadas pelo Exército francês na Espanha e em Portugal, durou sete anos – de 1807 a 1814. Comandado por Jean-Andoche Junot, o exército de Napoleão enfrentou uma luta diferente em solo português. Dessa vez, o inimigo era o povo. Organizados em bandos e armados com espingardas de caça, facões e até utensílios de cozinha, os portugueses armavam emboscadas e usavam táticas de guerrilha. Junot apostava numa vitória fácil. Estava redondamente enganado.

Napoleão Bonaparte Reprodução

Portugal foi invadido por cerca de 50 mil soldados. Mas a reação dos voluntários e do Exército, reorganizado pelos ingleses, foi imprevisível e inesperada. No meio da batalha, a Universidade de Coimbra virou um arsenal militar, e seu laboratório, uma fábrica de pólvora. “Portugal foi abandonado por dom João e seus conselheiros, mas a capacidade de revide da metrópole era visível em toda parte”, escreve Wilcken.

Em julho de 1808, na baía de Mondego, 13 mil soldados britânicos desembarcaram para lutar ao lado dos portugueses. Quem organizou a defesa na guerra, em dois momentos, foi Sir Arthur Wellesley, futuro duque de Wellington. Anos mais tarde, ele seria o responsável pela mais importante derrota de Napoleão, em Waterloo.

As lutas arrastavam-se, com combates complexos e que, muitas vezes, não resultavam em vitória para nenhum dos lados. Foi só em março de 1814 que Portugal se viu totalmente livre da ocupação, dos saques e do caos. “A guerra levara sofrimento a todas as partes do país. Lisboa enchera-se de refugiados, que subsistiam com doações britânicas de trigo e carne de peixe salgada”, afirma o escritor australiano.

Portugal e Espanha derrotaram Napoleão, mas não teriam chegado lá sem a ajuda britânica. A Grã-Bretanha surgiu, em 1814, como o grande vencedor do conflito e fez de Portugal uma espécie de protetorado militar. Naquela época, o general William Carr Beresford, homem corpulento, que havia perdido um olho em combate, assumiu o comando do Exército português e trabalhou em conjunto com Londres e com o Rio de Janeiro. Na prática, era ele – um inglês! – quem mandava no país.

TEMPOS DE PAZ

Quando a guerra acabou, uma nova questão veio à tona em Portugal. Agora, já não havia motivos para a corte ficar no Brasil. Devastada pela guerra, a metrópole viu-se dependente de sua antiga colônia, perdendo para ela o posto de centro político e econômico do império. “A questão era principalmente de amor-próprio”, escreve o historiador Oliveira Lima no livro D. João VI no Brasil.

Mais que ciúmes, a ausência da corte portuguesa criou um vazio de poder, preenchido pelas ideias liberais que circulavam na Europa desde o século 18. “A ausência da família real foi o adubo necessário para o crescimento de idéias antiabsolutistas”, explica Washington Cunha, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). “A presença de ingleses e franceses em solo português representava pensamentos contrários ao absolutismo, que ainda vigorava em Portugal”.

É nesse contexto que, no dia 24 de agosto de 1820, a burguesia portuguesa irrompeu uma revolução liberal na cidade do Porto, que rapidamente se espalhou pelo país. Uma Junta Provisória convocou eleições para a composição de uma Assembleia Constituinte, que pressionaria dom João a retornar e jurar uma constituição. “O sentimento de abandono se transformou em revolta”, afirma Cunha.


D.João VI Reprodução


ATÉ A PRÓXIMA

 

 

 

 

 

 

 

 

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