27 DE NOVEMBRO DE 2021 - COLUNA JCF - TRADIÇÃO E CULTURA - EDIÇÃO Nº 0302-2021
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11/05/2015
JCF Clovis - Tradição e Cultura
Viajando
pela historia e cultura
0302/2021
– O POVO INDÍGENA SEMINOLAS E KARIPUNA
27/11/2021 – NESTA EDIÇÃO Nº 0302-2021
FAREI O REGISTRO DOS POVOS INDÍGENAS SEMINOLAS E KARIPUNA...JCF
1ª FONTE: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Karipuna_de_Rond%C3%B4nia
A aldeia Karipuna no rio Jaci-Paraná. Foto: Gilberto Azanha, 2004.
Em 2004 havia
quatorze sobreviventes: não há indicador mais contundente da desastrosa
história de contato desse grupo com os não-indígenas. O ciclo da borracha no
início do século XX pode ser considerado o marco inicial da sequência de mortes
e invasões em seu território tradicional. Esse foi também o período de
construção da ferrovia Madeira-Mamoré, que levou dezenas de milhares de
migrantes à região dos grupos Kawahib, trazendo mortes advindas de doenças ou
conflitos. Ainda assim, até a década de 1970 um grupo caripuna conseguiu viver
relativamente apartado do mundo dos brancos, mas acabou sucumbindo à frente de
atração da Funai, que culminou em mais mortes por epidemias e perdas culturais.
Hoje possuem sua própria Terra Indígena e procuram protegê-la das constantes
invasões de madeireiros, caçadores, pescadores e posseiros.
Nome e língua
Katsiká e seus filhos. Foto: Gilberto Azanha, 2004.
A
autodenominação dos assim chamados Karipuna é ahé (“gente
verdadeira”). Falam uma língua da família Tupi-Guarani e compreendem com
facilidade a língua de grupos com os quais convivem, como os Uru-Eu-Wau-Wau, Amondawa, Tenharim, Parintintin (todos grupos Kawahibi) e Sateré (da
família linguistica Mawé), entre outros.
Não se sabe a origem da denominação “Karipuna”. Os primeiros
relatos sobre esses índios os designavam como “Bocas Pretas” devido à tatuagem
permanente de jenipapo que ostentam ao redor da boca, tradição compartilhada
com os Uru-Eu-Wau-Wau e outros grupos Tupi-Kawahibi.
É preciso destacar que esse grupo Karipuna não possui qualquer vínculo
com o grupo também conhecido como Karipuna que habita no estado do Amapá.
Localização e histórico da TI
O
território historicamente ocupado por este povo – segundo fontes históricas e
relatos orais – compreendia o rio Mutum-Paraná e seus afluentes da margem
esquerda (a oeste), igarapé Contra e rio São Francisco (ao norte) e os rios
Capivari, Formoso e Jacy-Paraná (ao sul e leste). Este território em parte
convergia com a área de ocupação dos Uru-Eu-Wau-Wau e Amondawa (ao sul),
Pakaá-Nova (a oeste) e Karitiana (ao
norte e leste).
De acordo com Denise Maldi Meireles (1984), a ocupação karipuna na
bacia do rio Jacy-Paraná remonta ao início do século XIX. Em fins deste século
parece ter ocorrido uma cisão no grupo, um deles rumando para leste e
estabelecendo-se nas cabeceiras do rio Capivari e outro se fixando na bacia do
rio Mutum-Paraná, ao norte.
A Terra Indígena (TI) Karipuna está
localizada nos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré. Ali os Karipuna estão
reunidos na aldeia Panorama. A TI tem como limites naturais os rios Jacy-Paraná
e seu afluente pela margem esquerda, o rio Formoso (a leste); os igarapés
Fortaleza (ao norte), do Juiz e Água Azul (a oeste) e uma linha seca ao sul,
ligando este último igarapé às cabeceiras do Formoso.
A primeira medida
oficial para a garantia do território dos Karipuna foi apresentada por Benamour
Fontes em 1978, propondo à Funai a interdição de uma área com cerca de 202 mil
hectares. Em 1981 foi constituído um Grupo de Trabalho (Portarias nº 1.106/E de
15/09/81 e 1.141/E de 9/11/81) para identificar a Terra Indígena, que manteve
os limites propostos em 1978 para a demarcação. Nenhuma providência foi tomada,
e somente em 1988 a presidência do órgão indigenista oficial interditaria uma
área total de 195 mil hectares. Neste mesmo ano, tem início as invasões no
limite sul da TI. Em 1994, a Funai constituiu um Grupo Técnico para “promover
os estudos de identificação e delimitação da terra indígena Karipuna”, o qual
propõe uma área com 153 mil hectares, aproximadamente.
Na verdade, os cerca
de 40 mil hectares de diferença entre a proposta do GT e a área originalmente interditada
pela Funai resultou de uma negociação entre este órgão, o Incra e o governo de
Rondônia para “liberar” a faixa do limite sul, já invadida por 184 colonos, a
partir da estrada BR-421 (Ariquemes/Guajará-Mirim). Por este acordo – ao que
tudo indica, nunca assinado formalmente – o Incra se comprometeria a extrusão e
reassentar colonos invasores das TIs Uru-Eu-Wau-Wau (Projeto de Assentamento
Dirigido – PAD – do Burareiro) e Mekéns (já que o próprio Incra havia orientado
e expedido os atestados de posses para os colonos invasores dessa TI), assim
como adotar um zoneamento fundiário na área “liberada”, a fim de orientar uma
ocupação mais racional e com menor impacto sobre as TIs Karipuna e Lage. O
Estado de Rondônia deveria financiar os custos com as extrusões e ainda manter
fiscalização permanente destas TIs com soldados do batalhão da Polícia
Florestal – além de se comprometer a suspender qualquer obra para prolongamento
da BR-421.
Apesar do não
cumprimento desse acordo, a Terra Indígena Karipuna foi demarcada em 1997 com
152.930 hectares e se encontra homologada (Decreto s/nº de 09/09/1998) e
registrada nos cartórios de registro de imóveis de Guajará-Mirim e Porto Velho.
Histórico do contato
Os primeiros contatos dos Karipuna com segmentos da sociedade não-indígena ocorreram quando seringueiros começaram a penetrar os afluentes do alto rio Madeira, no primeiro boom da borracha, nas primeiras décadas do século XX. Não se tem registros de ataques ou “correrias” efetuadas por seringalistas a estes índios, tampouco os remanescentes mais velhos do grupo os mencionam. Mas os karipuna há relatos de que invadiam “colocações” isoladas na região compreendida entre os rios Mutum-Paraná, Contra, Capivari e Jacy-Paraná para levar panelas, roupas e espingardas.
A penetração das frentes de extração de borracha, crescente a
partir de 1910, e a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM),
levando a constantes choques entre “índios bravos”, seringueiros e
trabalhadores desta estrada, obrigaram o extinto Serviço de Proteção ao Índio
(SPI) a estabelecer uma série de Posto de Atração no antigo território federal
do Guaporé, na década de 1940, sobretudo na bacia do rio Madeira. Dois destes
Postos, “Coronel Tibúrcio” e “Tenente Marques”, estavam estabelecidos na área
de domínio dos Karipuna acima descrita: o primeiro no rio Capivari e o segundo
na margem esquerda do rio Mutum-Paraná. Ambos, segundo um relatório de 1949 da
9ª Inspetoria Regional do SPI, estabelecida em Porto Velho, viviam numa
situação de indigência, não tendo a menor condição de cumprir sua missão
institucional.
ATÉ UMA PRÓXIMA 2ª PARTE SOBRE ESTE TEMA;;;.JCF-
27/11/2021
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