28 DE NOVEMBRO DE 2021 - EDIÇÃO Nº 0303-2021 - TEMA : O POVO INDÍGENA SEMINOLAS E KARIPUNA - PARTE 2
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11/05/2015
JCF Clovis - Tradição e Cultura
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pela historia e cultura
0303/2021
– O POVO INDÍGENA SEMINOLAS E KARIPUNA
28/11/2021 – NESTA EDIÇÃO Nº 0303-2021
FAREI O REGISTRO DOS POVOS INDÍGENAS SEMINOLAS E KARIPUNA..P\ARTE 2.JCF
A aldeia
Karipuna no rio Jaci-Paraná. Foto: Gilberto Azanha, 2004.
Em 2004 havia quatorze sobreviventes: não há indicador mais contundente da desastrosa história de contato desse grupo com os não-indígenas. O ciclo da borracha no início do século XX pode ser considerado o marco inicial da sequência de mortes e invasões em seu território tradicional. Esse foi também o período de construção da ferrovia Madeira-Mamoré, que levou dezenas de milhares de migrantes à região dos grupos Kawahib, trazendo mortes advindas de doenças ou conflitos. Ainda assim, até a década de 1970 um grupo karipuna conseguiu viver relativamente apartado do mundo dos brancos, mas acabou sucumbindo à frente de atração da Funai, que culminou em mais mortes por epidemias e perdas culturais. Hoje possuem sua própria Terra Indígena e procuram protegê-la das constantes invasões de madeireiros, caçadores, pescadores e posseiros.
Nome e língua
Katsiká e
seus filhos. Foto: Gilberto Azanha, 2004.
A
autodenominação dos assim chamados Karipuna é ahé (“gente
verdadeira”). Falam uma língua da família Tupi-Guarani e compreendem com
facilidade a língua de grupos com os quais convivem, como os Uru-Eu-Wau-Wau, Amondawa, Tenharim, Parintintin (todos
grupos Kawahibi) e Sateré (da família linguistica Mawé), entre outros.
É preciso destacar que esse grupo Karipuna não possui qualquer vínculo
com o grupo também conhecido como Karipuna que habita no estado do Amapá.
Localização e histórico da TI
O
território historicamente ocupado por este povo – segundo fontes históricas e
relatos orais – compreendia o rio Mutum-Paraná e seus afluentes da margem
esquerda (a oeste), igarapé Contra e rio São Francisco (ao norte) e os rios
Capivari, Formoso e Jacy-Paraná (ao sul e leste). Este território em parte
convergia com a área de ocupação dos Uru-Eu-Wau-Wau e Amondawa (ao sul),
Pakaá-Nova (a oeste) e Karitiana (ao norte e leste).
De acordo com Denise Maldi Meireles (1984), a ocupação karipuna na
bacia do rio Jacy-Paraná remonta ao início do século XIX. Em fins deste século
parece ter ocorrido uma cisão no grupo, um deles rumando para leste e
estabelecendo-se nas cabeceiras do rio Capivari e outro se fixando na bacia do
rio Mutum-Paraná, ao norte.
A Terra Indígena (TI) Karipuna está localizada nos municípios de
Porto Velho e Nova Mamoré. Ali os Karipuna estão reunidos na aldeia Panorama. A
TI tem como limites naturais os rios Jacy-Paraná e seu afluente pela margem
esquerda, o rio Formoso (a leste); os igarapés Fortaleza (ao norte), do Juiz e
Água Azul (a oeste) e uma linha seca ao sul, ligando este último igarapé às
cabeceiras do Formoso.
A primeira medida oficial para a garantia do território dos Karipuna foi apresentada por Benamour Fontes em 1978, propondo à Funai a interdição de uma área com cerca de 202 mil hectares. Em 1981 foi constituído um Grupo de Trabalho (Portarias nº 1.106/E de 15/09/81 e 1.141/E de 9/11/81) para identificar a Terra Indígena, que manteve os limites propostos em 1978 para a demarcação. Nenhuma providência foi tomada, e somente em 1988 a presidência do órgão indigenista oficial interditaria uma área total de 195 mil hectares. Neste mesmo ano, tem início as invasões no limite sul da
Os primeiros contatos dos Karipuna com segmentos da sociedade não-indígena ocorreram quando seringueiros começaram a penetrar os afluentes do alto rio Madeira, no primeiro boom da borracha, nas primeiras décadas do século XX. Não se tem registros de ataques ou “correrias” efetuadas por seringalistas a estes índios, tampouco os remanescentes mais velhos do grupo os mencionam. Mas os karipuna há relatos de que invadiam “colocações” isoladas na região compreendida entre os rios Mutum-Paraná, Contra, Capivari e Jacy-Paraná para levar panelas, roupas e espingardas.
A penetração das frentes de extração de borracha, crescente a
partir de 1910, e a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM),
levando a constantes choques entre “índios bravos”, seringueiros e
trabalhadores desta estrada, obrigaram o extinto Serviço de Proteção ao Índio
(SPI) a estabelecer uma série de Posto de Atração no antigo território federal
do Guaporé, na década de 1940, sobretudo na bacia do rio Madeira. Dois destes
Postos, “Coronel Tibúrcio” e “Tenente Marques”, estavam estabelecidos na área
de domínio dos Karipuna acima descrita: o primeiro no rio Capivari e o segundo
na margem esquerda do rio Mutum-Paraná. Ambos, segundo um relatório de 1949 da
9ª Inspetoria Regional do SPI, estabelecida em Porto Velho, viviam numa
situação de indigência, não tendo a menor condição de cumprir sua missão
institucional.
ATÉ UMA PRÓXIMA PARTE SOBRE
ESTE TEMA;;;.JCF- 27/11/2021
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